Revista do Villa
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- Entrevista: Escritora e Engenheira Florestal Joema Carvalho
Escritora e engenheira florestal, membro da Academia Poética Brasileira e colunista do Facetubes. Autora do Luas & Hormônios (Secretaria do Estado da Cultura, 2010; Selo Marianas, 2020) e do Crônicas de Uma Jornada Florestal (Grupo Caravana Editorial, 2024); coautora do Entre Botânicas Decoloniais: As frutas silvestres de H. D. Throreau e frutas brasileiras (Appris, 2022), organizadora e autora da coletânea Tuíra (Amazon, 2020; Uiclap, 2022) e 4° lugar (prosa) do 1° EKOPOLIS- Prêmio TILDEN SANTIAGO de Ecologia e Política. 1 – Em sua visão, quem é Joema Carvalho? A Joema é uma pessoa em constante processo de mudança, que teve que aprender a lidar com as suas polaridades e paradoxos. 2 - Como iniciou a sua trajetória pela escrita? E quais temas te inspiram a escrever? Comecei a escrita antes de saber escrever, meus pais escreviam os meus poemas. Tive poeminhas desta época, década de 80, publicados no caderno “Jornalzinho” da Folha de São Paulo, um dos poemas era “Peixes”, o contexto do poema era a poluição do mar, já tinha preocupação com meio ambiente. Durante o segundo grau, tive o primeiro contato com os termos técnicos e adorei estas palavras, a sonoridade delas, eram incomuns. Passei a escrever poemas utilizando termos de biologia, matemática, química e de física. Como o vocabulário do meu dia a dia é o da minha formação, engenharia florestal, passei a utilizá-lo na minha escrita. Em 2019, descobri a ecocrítica, que é uma linha da literatura relacionada ao meio ambiente. Participei de uma disciplina como ouvinte e dando suporte técnico de engenharia florestal para o professor. Isto ampliou a possibilidade de textos, dentro da linha do que, intuitivamente, ja vinha fazendo. Hoje faço parte do Grupo de Ecocritica – GECO da UFPR. Fui convidade pelo coordenador para ser coautora do livro Entre Botânicas Decoloniais: As frutas silvestres de H. D. Throreau e frutas brasileiras (Appris, 2022). A questão ambiental é algo natural e gostoso para mim. Não escrevo só isto, mas é o que caracteriza o que escrevo. 3 - Você também é Engenheira Florestal. O que a levou a escolher essa profissão? Conte-nos um pouco sobre seu trabalho nessa área. Então, chegou a hora de decidir o que eu queria ser quando crescesse, mas eu estava confusa. Em função da escrita, o óbvio seria Letras, Jornalismo ou Direito, mas não quis. Fiz um teste vocacional e o resultado foi que eu tinha habilidade para qualquer área. Assim, o meu critério foi definir um curso que misturasse as ciências. Defini arquitetura e engenharia florestal. Descobri no Manual do Estudante o curso de engenharia florestal, um mês antes da inscrição do vestibular. Acabei fazendo engenharia florestal porque não passei na previa de arquitetura. Trabalho em parceria com arquitetos, hoje sei que não teria perfil para ser arquiteta... Fiz então, engenharia florestal e também mestrado e doutorado em engenharia florestal, direcionei para ecologia e minha pesquisa foi com dinâmica de ecossistemas, o que achei fantástico. Aprofundei o olhar para como os ambientes naturais se organizam, como os elementos e fatores se adaptam as adversidades naturais que o próprio ambiente impõe. Trabalhei em projetos de pesquisa, tenho artigos nacionais e internacionais publicados e atuo como consultora ambiental, tenho minha empresa a Elo Soluções Sustentáveis. 4 – Você é autora dos livros Luas & Hormônios e Crônicas de Uma Jornada Florestal . Como foi o processo de criação das suas obras? E onde podemos adquiri-las? O Luas & Hormônios foi selecionado e editado através de um projeto da Secretaria do Estado da Cultura em 2010, ainda tenho alguns exemplares impressos que podem ser adquiridos diretamente comigo, através de contato por email ( joemacarvalho@gmail.com ), Instagram e Facebook (@joemacarvalho_literatura). O livro também foi editado pelo selo Marinas, em 2020, eBook disponível na Amazon: https://www.amazon.com.br/Luas-Horm%C3%B4nios-Joema-Carvalho-ebook/dp/B08P1Z987P . Este livro contem poemas desde quando comecei a escrever. Arrisquei submeter ao projeto da Secretaria e fui selecionada. Para agrupar os poemas de diferentes épocas, dividi o livro em canteiros/capítulos: Flores de Ervas Cheirosas; Flores do Cerrado, da Caatinga, do Deseto, do Lodo; Flores da Infancia e Flores do Amor. Em relação ao livro atual, eu seguia a editora Caravana Grupo Editorial no meu Instagram e vi o projeto desta editora com edital aberto para seleção de livros para serem traduzidos para o espanhol, com lançamento em Buenos Aires. Enviei o Luas & Hormônios. Após primeira reunião, fiz contato com o editor, disse que tinha outros livros. Ele sugeriu lançarmos um livro inédito em portugues e em espanhol. Achei excelente a ideia, assim nasceu o Crônicas de Uma Jornada Florestal, disponivel no site da editora na versão em portugues e em espanhol: https://caravanagrupoeditorial.com.br/produto/cronicas-de-uma-jornada-florestal/ e https://caravanagrupoeditorial.com.br/produto/cronicas-de-una-jornada-florestal/ . As crônicas são resultados de viagens, principalmente, pelo Brasil, onde abordo detalhes das paisagens, conflitos humanos, o nosso tamanho e a nossa capacidade de controle sobre os elementos e fatores ambientais. O sentir enquanto uma forma de comunicação entre os seres não-humanos. O tempo do planeta e nosso tempo, o processo de construção e desconstrução inerentes ao processo geomorfologico do planeta, as mudanças climáticas como parte integrada aos processo naturais dos quais fazemos parte, o paradoxo de nossa existência, compôem as crônicas. 5 - Crônicas de Uma Jornada Florestal também teve uma versão publicada em língua espanhola, em Buenos Aires. Como foi lançar seu livro em um país estrangeiro? E qual foi a recepção do público? Foi uma experiência incrível ter o livro traduzido para outra língua. Dei trabalho para o tradutor, meu livro possui várias notas de rodapé dele. Para nós é simples entender o que é um caiçara, quilombola, um guanandi, uma peroba, o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, o Parque Nacional do Descobrimento; rios Tibagi, Paraná, Guaíba, São Francisco, Solimões, entre outros. Através da tradução, senti que através do Crônicas de Uma Jornada Florestal contribuo com a divulgação do nosso país, da sua diversidade de ambientes e de paisagens, que refletem a diversidade de espécies, ecossistemas e etnias. Em Buenos Aires foi excelente. A Caravana organizou uma programação ótima. Participamos de mesa redonda. Estivemos na livraria Ateneu, que é lindíssima e tradicional de Buenos Aires. Fizemos o percurso do Jorge Luis Borges, em San Telmo e estivemos na 48° Feria Internacional del Libro de Buenos Aires participando de um sarau no stand do Brasil. Estou tendo um retorno ótimo de quem está lendo, inclusive pessoas têm adquirido outros exemplares para dar para conhecidos. O livro está sendo prestigiado por colegas e professores da engenharia florestal também. Para o autor, lançar um livro é uma incerteza, o retorno tem sido muito bom. CHEIRO DE CEDRELA a densidade vem do tempo casca grossa essência se faz no vento brisa que escorre seiva elabora expele bruta xilema do floema minerais caminham pelo corpo cristais refletem dinâmica e clorofila donde transmuto oxigênio sou várias com as estações recolho-me no frio sou galhos e ramos descolorida retomo minha função quando tudo é nascente findo em flor frutifico por meses não me canso capto a luz que chega em feixes dispersas entre as folhas busco como posso os raios que me nutri deixo de ser ombrófila chego ao dossel e me espalho plena de quem sou 6 – Você exerce a função de Diretora da Elo Soluções Sustentáveis, empresa de consultoria socioambiental localizada em Curitiba, no Estado do Paraná. Fale-nos um pouco sobre a sua atuação na empresa. Atuo com licenciamento ambiental de obras de empresas, indústrias e pessoas físicas. Meu trabalho depende da anuência de órgãos públicos. Atuo com soluções, gestão, regularização e alinhamento ambiental de empreendimentos. 7 – Para escrever bem, é necessário ler bem também. Partindo disso, quais autores você mais gosta de ler? Algum deles influenciou na sua escrita? Concordo, a escrita é dependente da leitura. São vários os autores que gosto de ler, mas os que influenciam o que escrevo, dentro da linha que sigo são Mia Couto, Clarice Lispector, Guimarães Rosa, Manoel de Barros, João Cabral de Melo Neto e Shakespeare (principais). Gosto de ler Isabel Allende e Umberto Eco também, além vários outros. 8 - A sustentabilidade ambiental sempre foi um tema de suma importância, visto que a natureza tem sido fortemente impactada pelas ações humanas. Na sua opinião, quais ações podemos praticar para manter o equilíbrio do ecossistema natural? Vou colocar o que considero a nível de indivíduo (“nós”). Considero que adotar a prática de ser um indivíduo que busca a melhoria física, mental, emocional e espiritual é fundamental neste processo. Alimentação saudável é diretamente relacionada a questão ambiental, por exemplo. Veja a quantidade de embalagem, aditivos, corantes, conservantes de um fastfood, congelado ou processado. Isto implica em processo industrial pesado, uso de energia e de água em excesso. O que faz mal para o humano faz mal para o meio ambiente. Um ser humano que pratica esporte regularmente, reduz a necessidade de uso de remédios, o que também implica em um processo industrial enorme e gera dependentes químicos. Ter a consciência do limite e do não limite saudáveis, do até onde posso expandir e do até onde devo respeitar o espaço do outro, independente da espécie, assim como, a consciência do “para quê” são fundamentais para o equilíbrio do ambiente. A consciência do relativo e do incerto, diretamente relacionados ao nosso tempo, a nossa proporção, a necessidade do controle do outro e do todo, estão diretamente relacionados a questão ambiental e a sustentabilidade pessoal e a do Planeta. Colocar na rotina um “banho de floresta” ou shinrin-yoku nos integra a essência e a ideia de sustentável. No Japão, é a prática para quem deseja ter contato mais próximo com a natureza ou simplesmente passar um tempo em uma floresta para relaxar, tendo como objetivo o bem-estar físico e mental. DECÍDUA O outono chega Como as outras estações Sem pedir licença Deixa-me nua Ao vento que começa se tornar gélido Correntes que vêm do Sul Vejo-me em tons de marrom Tonalidades secas Vou direto ao chão Camuflo-me com o substrato E não me reconheço mais Em meio ao que fica na superfície Decomponho-me Mantenho o ciclo A fertilidade continua Só penso em entregar-me Angústia diante do processo que se inicia Que ainda não é o pior Desfaço-me Contenho minha energia Vejo todo o plano recolhendo-se O vento é mais forte Sementes aladas completam o que vejo Minha seiva elabora Expele o que é bruto Vou passar nua e inteira Pelo momento adverso Em essência, entendo O que vou expor na primavera Douglas Delmar
- Entrevista com a Poeta Carmen Vervloet
Carmen Vervloet é natural de Santa Teresa (ES). Poeta autodidata, costuma expressar suas emoções e desejos mais profundos através da escrita. Porém, Carmen não se restringe a falar só de si mesma, mas dirige seu olhar para os problemas sociais existentes, buscando enfatizar a importância da paz mundial. Publicou o livro De Mulher Para Mulher - Obrigatório para os Homens e contribui em diversas antologias poéticas do Brasil, compartilhando seus escritos nas redes sociais. ORIGEM Sou de lá onde as montanhas circundam a cidade e as matas se pintam em cor... Sou de lá onde os pássaros revoam por cima de tudo e seus gorjeios são sinfonias para qualquer ouvido... Sou de lá onde o luar revela o brilho do sonho e o sonho se multiplica entre as infinitas estrelas... Sou de lá onde as rosas desabrocham em poemas e a terra do coração é fértil em amor... Sou de lá onde a comida tem cheiro e sabor de infância e faz renascer a menina feliz por um instante... Sou de lá onde soa o sino da igreja matriz anunciando que Deus está presente... Sou de lá daquela terra santa, de céu azul turquesa, sou da minha nobre e bucólica Santa Teresa. 1 – Em sua visão, quem é Carmem Vervloet Carmen Vervloet, uma jovem senhora de 81 anos, com olhos atentos para o momento, sensível, destemida, arrojada, feliz e que continua sonhando e que vê seus sonhos se realizarem um por um, pois em tudo que faz coloca amor e paixão. Uma mulher que preza o respeito e a liberdade. 2 - Como iniciou a sua trajetória pela poesia? Comecei a escrever na adolescência incentivada por minha professora de Português. Nesta época, com doze anos de idade, escrevi meu primeiro poema que se intitulou “O Câncer”, uma homenagem a minha tia e madrinha que havia falecido desta doença. E daí em diante nunca mais parei, pois fiquei perdidamente apaixonada pela poesia. 3 - Muitos dos seus poemas possuem uma abordagem romântica e alegre. Além disso, quais outros temas te inspiram a escrever? Gosto de escrever sobre tudo que me traz o cotidiano, onde a emoção toca, nasce poesia. A preservação do meio ambiente é um assunto que sempre me atrai, além das mazelas do nosso povo tão sofrido, quando gosto de questionar nossos governantes. Atualmente tenho escrito muito sobre o anseio de todos pela paz mundial. 4 - Você nasceu em Santa Teresa (ES), uma cidade riquíssima em cultura, história, belezas naturais e costumes populares. Sua terra natal te inspira de alguma forma? Como? Sim, nasci na bucólica e histórica Santa Teresa. Cresci entre verdes matas, flores multicoloridas e bailarinos colibris e com certeza nunca me afastei de minhas raízes, embora tenha saído de minha terra natal aos onze anos de idade para vir estudar na capital, nossa pequenina ilha de Vitória, (ES), cidade que me adotou com todo o amor e carinho. Ambas as cidades me inspiram, uma com o seu bucolismo, com sua cultura italiana preservada, outra com seu mar tranquilo onde barquinhos navegaram tantos sonhos por mim realizados. Em Vitória vivi toda minha juventude, estudei, trabalhei, casei-me, constituí família e onde vivo até hoje. Tive a felicidade de ter passado minha infância subindo em pés de jabuticaba, correndo entre canteiros de flores, cercada de muito afeto e amigos em Santa Teresa e depois vivido minha juventude nesta ilha linda onde desabrochei para a vida e plantei sementes. POESIA Desde sempre guardada nas minhas entranhas Como um gorjeio sutil de pássaro nas madrugadas Vem das nuvens dos céus por trás das montanhas Meu destino coberto por suas coloridas pinceladas. Em seus versos delicados eu me entrego totalmente Há um ritmo divino em seus amorosos compassos Encontro partículas de Deus em suas sementes E definitivamente enleada caio em seus braços. Liberto em seus fonemas os sentimentos represados Como pétalas de flor feitas de sedas e fragilidades Revelo ao mundo meus segredos mais guardados Semeando em solo fértil a humana realidade. Porque não sou eu que escrevo e sim o coração E ele pela poesia transborda toda sua infinda emoção O amor que tem pela vida e tudo que ela oferece E escreve como se estivesse fazendo à Deus uma prece. 5 – Para se escrever bem, é necessário ler bem também. Partindo disso, quais autores você mais gosta de ler? Algum deles influenciou na sua escrita? Gosto muito de ler e sempre tenho uma pilha de novos livros à minha espera. Leio autores de muitas nacionalidades diferentes, dos portugueses amo Florbela Espanca, Fernando Pessoa, Maria Teresa Horta, José Saramago, Eça de Queiroz e muitos outros. Creio que sempre sofremos influências de todos os autores lidos, cada um com sua peculiaridade. Cada leitura é a abertura de um novo horizonte sob a ótica daquele autor com a qual podemos ou não concordar, mas não me vejo influenciada por nenhum em especial. 6 - Você já lançou o livro De Mulher para Mulher - Obrigatório para os Homens e participou de algumas antologias poéticas. Fale-nos um pouco sobre suas obras. Pretende publicar um novo livro? Sim, participei de muitas antologias em vários Estados brasileiros, na maioria das vezes com poemas selecionados em concursos ou convidada pelos organizadores daquelas antologias. Quanto ao meu livro De Mulher para Mulher – Obrigatório para os Homens, é um livro que fala do universo feminino, da mulher e seus amores, suas decepções, da mulher mãe, avó, amiga, companheira, da mulher e seu cotidiano e seu olhar sobre a vida, sobre o mundo. Por isto coloquei o subtítulo Obrigatório para os Homens, para que chamasse a atenção deles sobre este universo tão rico e subjetivo. Já estou, sim, selecionando poemas para um próximo livro, ainda sem data para ficar pronto. 7 – Eu soube que você viajou para alguns países da Europa. Conte-nos como foi essa experiencia. Gosto muito de viajar, afinal sou uma sagitariana sempre com a mala na mão, tenho conhecido muitos países da Europa e das Américas. Não conheço nada do Oriente, mas ainda pretendo conhecer, se Deus me permitir. Nesta última viagem fui apenas a Portugal e à Itália, dois países onde respiramos história, cultura, dois museus a céu aberto. Quando viajo gosto de conhecer os lugares frequentados por seus habitantes, ver de perto como aquele povo vive, gosto de conhecer os museus, as igrejas, os restaurantes, suas praças, seus locais de diversão, caminhar pelas ruas, descobrir os anseios de cada povo. E posso garantir que esta minha última viagem cumpriu todas as minhas expectativas, foi realmente muito proveitosa e gratificante. 8 - Infelizmente, a leitura de poesia não faz parte do cotidiano de muitas pessoas. Na sua opinião, como poderíamos incentivar (não só a poesia, mas por outros gêneros literários) esse gosto pela leitura? Creio que tudo na vida passa pela educação e se os pais, as escolas e os ativistas culturais não cumprirem este papel, incentivando desde os primeiros anos nossas crianças, nada de diferente vai acontecer, o que é muito triste, já que a internet oferece tantas outras possibilidades de distração, que a leitura sempre fica para segundo plano ou nem existe. Também os governos têm que cumprir sua parte oferecendo oportunidades para todos. Agradeço a você a oportunidade desta entrevista e o parabenizo por estar divulgando a poesia sempre tão esquecida. UM GRITO POR PAZ Amplas ruas, altos muros, tristes dias... A alma se desespera, mas o coração é humilde. A mente procura cultivar os momentos de alegria O corpo cansado de guerras se tomba em apatia. Desperta corpo cansado e vá à luta por paz Grita para o mundo que o amor é o senhor Na reciprocidade que o bem sempre leva e traz Limpe o sangue inocente derramado pelo açoitador. A sorte que nos espera não é nada auspiciosa Afinal todos somos feitos da mesma frágil argila Somos filhos desta mesma terra sempre generosa Vamos ficar atentos para onde o gemido sibila. Só o amor seca o sangue das horas violentas e tristes Paz, empatia, reciprocidade jamais tem dedo em riste. Fotos: Arquivo pessoal Douglas Delmar
- Ana Mendes Godinho defende: “Queremos mesmo que Portugal seja o melhor país para viver e trabalhar”
Nesta reta final da XV Legislatura, Portugal discute temas que preocupam os portugueses, como o desemprego, os apoios sociais existentes, as oportunidades de empregabilidade, a ajuda aos mais vulneráveis, o fluxo migratório para fora e para o País, mas também sobre os avanços que aconteceram, num exercício de reflexão para os próximos anos. Uma das pastas que atua diretamente com estes temas é o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social de Portugal (MTSSS), que tem apresentado resultados num campo em que os portugueses exigem cada vez mais ação governativa. Para entender o trabalho feito nos últimos meses, conversamos com Ana Mendes Godinho, ministra do MTSSS, que explicou como avalia a sua gestão à frente desta pasta, aponta o que mudou, sublinha as suas maiores preocupações e ressalta o papel de Portugal como país de acolhimento, mas, também, com o olhar focado para quem decide voltar a viver no país através do Programa Regressar. Qual a relevância dos cidadãos portugueses emigrados no contexto da Segurança Social? Qualquer cidadão português sabe que pode contar com a Segurança Social, onde quer que se encontre. Tendo em conta a mobilidade de trabalhadores, dentro e fora da União Europeia, Portugal tem tomado medidas para que todos beneficiem de um sistema de proteção social que é público e universal. O foco essencial é a garantia dos direitos adquiridos em casa país de trabalho na conciliação de uma carreira contributiva, com base na qual o trabalhador terá direito à sua pensão de reforma. Portugal tem reforçado a atenção a estes seus cidadãos. Uma das medidas com maior impacto, no último ano, foi a criação da figura do Adido da Segurança Social, a trabalhar em embaixadas ou postos consulares junto das maiores comunidades emigrantes. São quadros da Segurança Social que passam a garantir o acompanhamento de proximidade dos trabalhadores portugueses emigrados, nomeadamente para os sistemas em matéria contributiva para efeitos de aposentação. Já foram colocados adidos em Berlim, Berna, Londres, Luxemburgo, Newark e Paris, num processo que é para ser alargado progressivamente a outras partes do mundo. Esta mesma questão coloca-se em relação aos migrantes estrangeiros que chegam a Portugal. Como esse público está a auxiliar nas contas da Segurança Social? Não olhamos para os trabalhadores estrangeiros, nem para nenhum trabalhador, como números. Os trabalhadores estrangeiros legalmente autorizados a exercer uma atividade profissional em território nacional gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres que os trabalhadores portugueses. O que Portugal garante, a quem contribui para a Segurança Social, é um regime de proteção baseado num contrato social. São as contribuições dos trabalhadores que asseguram direitos, como o apoio à maternidade, o Abono de Família para crianças e jovens. Também salvaguardam a proteção em caso de doença ou desemprego. E, no final de uma vida de trabalho, a pensão de reforma é calculada em função da carreira contributiva. Dito isto, a importância dos trabalhadores estrangeiros é crescente. São aproximadamente 720 mil e representaram em 2023 cerca 11% das contribuições para a Segurança Social. Como explica o processo de integração desses migrantes em Portugal, do ponto de vista do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social? Portugal pugna por uma imigração com direitos, num combate sem tréguas à precariedade e na rejeição absoluta de todas as formas de indignidade e exclusão. Esta é a nossa preocupação primordial. As ações desenvolvidas têm em vista compatibilizar este princípio com a necessidade de trabalhadores, em muitos setores de atividade. É essencial que a procura de trabalhadores e a procura de trabalho sejam processos com a maior conciliação possível entre a oferta e a procura. Nesse sentido, o acordo de mobilidade de trabalhadores da Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa, celebrado em 2021, é um instrumento poderoso, que tem vindo a ser progressivamente ratificado pelos estados-membros. E há outra medida com enorme impacto nesta nossa política de integração plena de trabalhadores oriundos do estrangeiro. Em 2023 o Governo colocou, pela primeira vez, Adidos dedicados às questões do trabalho e à mobilidade de trabalhadores em quatro países: Cabo Verde, Timor-Leste, Marrocos e Índia. Estes novos Adidos têm como missão estabelecer pontes de contacto entre as empresas portuguesas e as comunidades locais, para atrair e simplificar a vinda de Trabalhadores para Portugal, de forma regular e digna. Concretamente em Timor e em Cabo Verde, os Adidos têm ainda a missão de promover investimento na formação, nos países de origem, para garantir a capacitação e valorização dos trabalhadores. O Governo português tem realizado iniciativas e aprovado programas que visam auxiliar no retorno dos portugueses ao país. Que medidas concretas existem e como será possível “dizer” a estes cidadãos que Portugal é, hoje, um local diferente daquele país que os motivou a emigrar? O Programa Regressar tem exatamente este objetivo: apoiar os emigrantes, bem como os seus descendentes e outros familiares, de forma que tenham melhores condições para voltar a Portugal e para aproveitar as oportunidades que hoje existem no nosso país. Está no terreno desde 2019 e foi prorrogado até 2026, porque se revelou um programa de sucesso. Envolve todas as áreas governativas e inclui medidas concretas como um regime fiscal mais favorável para quem regressa, um apoio financeiro para os emigrantes ou familiares de emigrantes que venham trabalhar para Portugal e uma linha de crédito para apoiar o investimento empresarial e a criação de novos negócios em território nacional, entre outras. Até ao momento, já apoiou o regresso de mais de 20 mil pessoas a Portugal. Suíça, França, Reino Unido e Brasil são os países de emigração de onde provém a maior parte destes novos residentes. Quais as taxas de desemprego e de empregabilidade no país? Portugal tem, neste momento, um máximo histórico de população empregada, que ultrapassa os cinco milhões de trabalhadores. O desemprego estabilizou em mínimos do século, nos 6,5%. Isto apesar de termos atravessado uma pandemia e estarmos ainda a sofrer os efeitos da inflação. O nosso foco foi a proteção do emprego e a valorização dos salários. Resultado de políticas públicas diferentes das que foram adotadas em resposta à crise financeira global, há uma década, quando o desemprego em Portugal chegou ao 18%. Qual o papel do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) neste cenário? Como os estrangeiros e os portugueses que retornam podem aceder a este serviço público? Um papel essencial e determinante. O Instituto do Emprego e Formação Profissional tem como missão promover a criação e a qualidade do trabalho e combater o desemprego, através da execução das políticas ativas de emprego e formação profissional. Todas as políticas públicas de apoio ao emprego são geridas pelo IEFP, que desenha também soluções à medida de setores e necessidades específicas do mercado de trabalho. É um serviço público acessível e de proximidade, com estruturas descentralizadas em todo o território nacional e que articula diretamente com os já referidos Adidos de Trabalho colocados em várias representações consulares. Este é também o serviço ao qual os cidadãos estrangeiros devem dirigir-se, se pretenderem entrar e permanecer em Portugal para procurar trabalho. Antes de pedirem o visto de entrada, os cidadãos de um estado terceiro (fora da União Europeia) devem efetuar a manifestação de interesse e inscrever-se na área identificada para o efeito no portal do IEFP. Que medidas estão a ser implementadas para dar respostas à população sem-abrigo no país? Portugal lançou uma estratégia nacional de prevenção e intervenção, centrada nas pessoas em situação de sem-abrigo, para garantir que ninguém tenha de permanecer na rua por ausência de alternativas. Nos últimos anos, ganhámos uma maior consciência social do fenómeno. Como sociedade, estamos hoje muito mais sensíveis e atentos à questão das pessoas em situação de sem-abrigo e melhorámos o diagnóstico. Uma das ações mais importantes foi garantir que todos os concelhos do país fizessem um levantamento de situações. Com este trabalho, passámos a ter uma visão de conjunto, envolvendo também os municípios, o que fez com que se conhecessem mais casos. Mas não necessariamente novos casos. Com esta articulação e proximidade, aumentámos os núcleos de intervenção em todo o país. Mesmo com uma pandemia, desde 2020 saíram da condição de sem-abrigo mais de duas mil pessoas e conseguimos quase 500 novas colocações no mercado de trabalho, além de termos garantido mais de mil novas vagas em respostas de habitação, como o programa Housing First e os apartamentos partilhados. E é de assinalar que, em 2022, as maiores áreas metropolitanas (Lisboa e Porto) registaram uma redução dos casos de pessoas sem-abrigo. Até 2026, com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência, vamos reforçar significativamente as soluções de alojamento de emergência ou temporário. Em termos laborais, muitos dos problemas que afastam os jovens portugueses de Portugal e do mercado de trabalho no país, segundo este mesmo público, são a pouca valorização de quem precisa ingressar no mercado de trabalho, os baixos ordenados e a precariedade laboral… Como combateu este cenário? Nós queremos mesmo que Portugal seja o melhor país para viver e trabalhar. Nesse sentido, a valorização dos jovens no mercado de trabalho tem sido um objetivo crítico, e com resultados. Nos últimos oito anos, o número de jovens até aos 30 anos a trabalhar em Portugal aumentou 45% e o ganho médio desses jovens aumentou quase 50%. De 2022 para 2023, foi entre os jovens que o emprego mais cresceu. Há medidas ativas de apoio ao emprego que valorizam a contratação de jovens. Dou como exemplo o Programa Avançar, que apoia a contratação de jovens qualificados sem termo, com um salário mínimo garantido próximo dos 1.400 euros e com uma bolsa de autonomização para o jovem, no primeiro ano, de 150 euros mensais. As empresas têm redução ou até mesmo isenção dos custos contributivos. Portugal está empenhado em reter, valorizar e atrair talento. Cada vez mais o mundo do trabalho é aberto e global e os trabalhadores decidem as suas opções em função da forma como são valorizadas. Os jovens ficam onde se sentem bem e têm oportunidades. A mensagem que queremos passar é que há boas razões para ser jovem trabalhador em Portugal. As creches são gratuitas. Os estágios são pagos. Os direitos dos trabalhadores são respeitados. Estudar recompensa. Os salários crescem. A inovação é valorizada. Novas formas de trabalho são acolhidas. Sobre a Agenda do Trabalho Digno, o que prevê exatamente? A Agenda do Trabalho Digno é um poderoso instrumento, muito focado na valorização dos jovens no mercado de trabalho e no combate a todas as formas de precariedade. Fixa um conjunto de 70 medidas, já com forte impacto. Dou como exemplo a regulação das relações de trabalho nas plataformas digitais. Ou a obrigatoriedade de contrato declarado à Segurança Social no serviço doméstico. Ou a promoção da igualdade salarial entre géneros. Ou o fim dos estágios não remunerados. Ou a limitação do número de contratos a termo. Ou o combate ao falso trabalho independente. Ou a proibição de recurso ao outsourcing, durante um ano, após despedimento na mesma área. Ou o direito a desligar e a proibição de contactos fora do horário de trabalho. É uma agenda transformadora, que colocou Portugal também na vanguarda de novas formas de trabalho. Refiro-me à experiência-piloto em que 41 empresas, envolvendo mil trabalhadores, aderiram à semana dos quatro dias. Os resultados foram extraordinários, com ganhos evidentes em termos de produtividade e conciliação entre a vida pessoal, familiar e profissional. O Interior de Portugal tem sido bastante procurado por estrangeiros e lusodescendentes para a sua “nova morada”. Alguns chegam mesmo para investir. Como o seu ministério atua na promoção desse território, fora dos grandes centros, em termos de oferta laboral e incentivos? Há distritos no Interior do país onde não só o emprego tem vindo a subir como os salários estão a crescer acima da média nacional. Bragança, Viseu e Guarda são disso exemplo. Na Guarda e em Viseu o aumento do salário médio de 2015 para 2023 foi superior a 42 por cento. Há indústria, há tecnologia, há inovação. E isso gera emprego qualificado e grande procura de talento. Em todas as medidas de apoio à criação de emprego passámos a promover uma majoração em função da localização territorial. Quem abre uma empresa no Interior, quem cria postos de trabalho no interior, quem contrata no interior e quem se desloca para trabalhar no interior beneficia de uma discriminação positiva. Mas há uma medida que quero destacar: o programa Emprego Interior Mais. Temos, neste momento, sete mil pessoas abrangidas, incluindo o seu agregado familiar. Há alguns concelhos no Interior do país que não têm sequer esta população. Ter já a capacidade de atrair sete mil pessoas revela o quanto é importante continuarmos a promover políticas de discriminação positiva para apoio à fixação e à valorização de pessoas fora dos grandes eixos metropolitanos. Nos apoios para trabalhar no Interior existem majorações específicas para ajudar na deslocação de membros do agregado familiar e até para a deslocação de bens para a nova habitação. O Interior é oportunidade, é qualidade de vida, é uma vasta e riquíssima expressão de valores, causas e capacidades. Que balanço faz da sua gestão à frente do Ministério? Um balanço muito positivo naquilo que entendo ser a missão: melhorar a vida das pessoas. O emprego aumentou, o desemprego baixou e os salários cresceram. O salário mínimo teve um aumento de 62% desde 2015 e, apesar disso, o seu peso no conjunto dos salários diminuiu. Há mais população empregada, com maior remuneração média e melhores direitos. As pensões de reforma aumentaram acima da inflação. Os apoios sociais não deixam ninguém, em situação de vulnerabilidade, para trás. Atravessámos a pandemia, que foi o maior embate das nossas vidas. Mas é recompensador lembrar que apoiámos 2,3 milhões de pessoas e 152 mil empresas. Salvámos empregos, mesmo com a economia parada. A gratuitidade das creches é sem dúvida a grande medida que destaco. Promove a igualdade desde os primeiros anos. Ninguém terá diferentes oportunidades em função do berço. Isto é absolutamente transformador em termos de incentivo à natalidade, da libertação das Mulheres para o mercado de trabalho e da promoção da educação universal e gratuita desde a infância. Estamos a investir no futuro talento do nosso país. A Agenda do Trabalho Digno e o Acordo de Rendimentos são outros instrumentos poderosos, construídos em diálogo social, de que me orgulho. O combate à pobreza, principalmente à pobreza infantil, é outra das batalhas em curso. Assim como a aposta na valorização da economia social, a economia do cuidado, que emprega 300 mil pessoas em todo o país. Uma força de trabalho essencial na prossecução da Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável, que nos coloca mais uma vez na dianteira da resposta aos desafios demográficos. Tudo isto com um trabalho profundo de modernização e simplificação da Segurança Social, que é hoje mais rápida, mais próxima e mais eficiente na relação com o cidadão. Anos, meses e dias intensos, mas que valem a pena. Estamos a fazer a diferença na vida das pessoas. Ígor Lopes Jornalista, escritor e social media entre Brasil e Portugal. Licenciado em Comunicação Social, na vertente Jornalismo, pela FACHA Brasil; Mestre em Comunicação e Jornalismo pela Universidade de Coimbra; Especialista em Gestão de Redes Sociais e Comunidades para Jornalistas pela Universidade de Guadalajara; Especialista em Comunicação Mediática Contemporânea pela Universidade de Santiago de Compostela e Doutorando em Ciências da Comunicação pela Universidade da Beira Interior. Foi professor convidado de MBA em Hard News nas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA Brasil).
- Entrevista com o Poeta Português António Alves
(Fotos - Arquivo Pessoal) António Miguel Rosa Alves, Escritor e Poeta autodidata, é natural de Lisboa, Portugal. É na poesia que António mostra sua visão do mundo, exaltando o amor e a humanidade em sua essência mais íntima. Já possui quatro livros publicados e contribuiu para diversas antologias poéticas. Confira a entrevista concedida por esse poeta das terras portuguesas e conheça um pouco da sua belíssima trajetória literária! 1 - Como despertou a sua paixão pela poesia? Não lhe chamaria paixão, amor sim e esse nasceu por dom à nascença. Naturalmente foi-se desenvolvendo ao longo da vida, mas esteve lá sempre, na alma como uma voz que que necessita de se exprimir e partilhar com o mundo o que sente. No meu caso, em forma de poesia, arte metafórica de uma forma que possa ser assimilada por qualquer pessoa dentro da sua vivência. Costumo afirmar que a arte, qualquer delas, é a maior forma de expressão, pois parte de um mundo dentro das suas vivências e é assimilada por outros mundos, moldando-se a esses também, de acordo com as suas vivências. 2 - Cada poeta tem seu modo de sentir o mundo, expressando através da escrita as sensações que dominam seu coração. E de onde você busca inspiração para criar seus versos? Precisamente aos sentimentos. E esses são formados na base da minha essência, da forma como sinto e interpreto tudo e todos, numa constante inquietação da alma que sente de forma mais intensa e sensível cada pormenor da vida e tudo o que a rodeia, sendo algo natural e necessário ao meu equilíbrio emocional. SINTRA, MINHA CIDADE Na tua costa acolhes o oceano é teu o vento norte, saciando em gotas de orvalho, luxuriante fauna, adornando palácios e castelo, que a bruma tenta guardar para si, memórias de tesouros encantados Do teu ar respiraram os maiores poetas, escritores, és terra de amores, assolapadas paixões és Sintra, por ti, foi trocado o trono, pelos braços de uma amante, vivendo amor real em ninho de sonhos. Por riachos e cascatas descem águas de paixão, contornando as mais belas obras da criação humana, saciando desafortunados do amor, dando estas águas vida a eternos amores. Em ti eu nasci, encarnei alma de poetas, bebi das tuas águas, tornei-me um eterno amante das coisas belas, romântico como tu ó Sintra, bela, das mais belas maravilhas, fruto da humanidade. 3 - Dizem que a escrita é uma necessidade do poeta, para dar voz aos sentimentos humanos. E para você, qual é a importância da poesia? Efectivamente o que acabei de escrever anteriormente, é uma necessidade de alimentar a alma como o pão alimenta o corpo. A poesia e toda a arte no geral quando é utilizada somente no seu propósito de expressão de sentimentos, abre portas fechadas no subconsciente de outras pessoas, emoções que sentem, mas não tem forma de as exprimir e como sementes abrindo linhas de pensamento para que cada pessoa possa refletir e descobrir o seu dom de vida porque entendo que todas as pessoas são estrelas de ímpar brilho, não existindo duas iguais. E todas para se realizarem deverão ser criadoras de si, ser-se o que se é, por natureza. 4 - Você já lançou 4 livros de poesia intitulados Sublime Amor em Poesia, Alma de Poeta, Poeta Vadio e Inquietações. Como foi escrever cada um deles? E onde podemos adquiri-los? Curioso, e para colocar no contexto fui convidado para fazer parte de um grupo de poesia aqui em Portugal (Sorrisos Nossos) e comecei a postar poemas baseados em imagens que eram colocadas para serem poetizadas e assim fui fazendo. Entretanto, uma editora portuguesa , Poesia Fã Clube lançou um desafio para descoberta de novos autores e para tal era necessário enviar 50 poemas. Contei os meus poemas criados até ao momento e eram precisamente 50, enviei-os para a mesma e foram aceites e na íntegra editados, portanto, o meu primeiro livro reflete exactamente os meus 50 primeiros poemas criados. Os seguintes vêm de uma permanente escrita, mantendo a minha génese, mas refinando naturalmente a forma de expressão, como tudo se vai aprimorando com a prática. Somente o último, Sublime Amor em Poesia , decidi realizar uma apresentação numa forma de interação cultural onde como capa e contra capa do livro foram realizadas com fotos de quadros de gente amiga e grandes pintores Portugueses como Paulo Tanoeiro, António Macedo e António Dias, prefaciado por várias figuras nacionais e internacionais como a poetisa e multifacetada artista brasileira Silvia Maria Rocha, músicos muitos talentosos em início de carreira e com o submundo da poesia contemporânea portuguesa presente, declamando, num sítio para mim especial como Sintrense, na Biblioteca Municipal de Sintra. Podem ser adquiridos através da editora Poesia Fã Clube online ou enviar pedidos para o e-mail: geral@antonioalves.pt . MATEM O POETA Matem o poeta, com ele a poesia por ver a lucidez do mundo, criando utopias, vivendo a mesma realidade, uma dimensão tão diferente, é gente que sente além no presente, outra forma de vida. Clarividente, levando uma vida marginal, pensando diferente o que parece igual aos olhos das gentes, nessa forma de sentir, desnuda a farsa escondida, da sociedade indecente na forma de partilha. Matem o poeta, alma solta voando livremente por novos céus, deixando tópicos de novos mundos ameaçando o pré-estabelecido, introduzindo na mente das gentes as sementes do pensamento. Levando a cultura ao colo essa indigente, como corpo de uma criança, emanando luz levando ao coração na escuridão do povo, abrindo novos horizontes, criando pontes, jamais realizadas. 5 - Para se escrever bem, é necessário ler bem também. Partindo disso, quais autores portugueses você mais gosta de ler? Algum deles influenciou na sua escrita? Sim, é necessário ler e absorver tudo o que a vida nos dá como um simples brotar de uma flor e por adiante. Em termos de leitura o que me dá mais prazer de ler são livros de história e filosofia, a poesia leio pouco por não querer influenciar a minha forma de escrever. O que escrevo é puro das minhas emoções aliadas a tudo o que me rodeia. Escrevo a partir do que sou, mas não o escrevo para mim, e sim para o mundo, o universo de outras pessoas sempre na autenticidade do momento e no prazer que daí retiro e escrevendo de uma forma que entendo que todos possam aceder com facilidade à mensagem intrínseca e à beleza das palavras por assim entender a arte. Todos os meus poemas, mesmos os editados primeiramente, são partilhados no Facebook na minha página pessoal e de autor Antonioalvespoesia , por entender que arte deveria ser consumida por toda gente de uma forma gratuita, a fim de cada pessoa poder aprofundar o conhecimento do seu eu interior, através da vivência e forma que outros interpretam a vida, neste caso a poesia. Compreendo que os autores têm de viver e necessitam de rendimentos. Eu, ultrapassada a barreira da sobrevivência, sou feliz sendo quem sou, criador de mim, fiel aos meus princípios todos baseados nas raízes do amor, descobrindo novas verdades sempre que surjam novos factos que após os processar, os aceite como meus e constitua nova verdade. 6 – Você vive em Sintra, uma cidade riquíssima em cultura, história, belezas naturais e costumes populares. A cultura de Portugal te inspira de alguma forma? Como? Sim, grande parte, bebi sempre da cultura deste povo, dos seus costumes e os entendo perfeitamente como seres humanos que são, dos sítios por onde passei, os amores que tive, os momentos onde exaltei a felicidade, a parte moral foi assimilada, essa que vem dos hábitos e costumes de um povo, da sua identidade. Outra parte é a ética, essa é universal, não tem fronteiras e barreiras de qualquer espécie, é somente a diferença entre o bem e o mal e tenho encontrado por esses países fora a mesma ética, a humanidade intrínseca em cada ser. Somos todos diferentemente iguais, diferentes na sua individualidade, mas iguais na essência humana. No meu entender deve-se respeitar a identidade de cada povo e não existir barreiras e fronteiras. Na sociedade estabelecida, divide-se para reinar não para o bem comum de todos. 7 - Além da poesia, quais são suas outras paixões? A pintura, música, teatro, cinema, desporto, eventos culturais participativos, sol praia, campo, a vida no seu geral, no que tem de belo. 8 - Infelizmente, a leitura de poesia não faz parte do cotidiano de muitas pessoas. Na sua opinião, como poderíamos incentivar o gosto pela leitura de poemas e outros gêneros literários? Que a escrita não fosse um ato de egoísmo próprio, no sentido de se escrever para si, mas como dádiva para o mundo. Que não se queira tomar posse de nada e tudo o que se faça, parta de si. Se entregue aos outros num puro ato de dádiva, numa linguagem o mais entendida possível e nas entrelinhas, colocar lá toda a mensagem que se queira ser lida, como quem mostra o que sente ou o que os outros possam sentir, para que a leitura para além de prazerosa de se ler seja levada ao comum dos cidadãos e assim cultivando mentes e aprimorando a humanidade. Não me revejo na poesia extremamente elaborada e complexa de interpretação geral. A arte como disse, é para ser lançada ao mundo e ser assimilada por outros mundos dentro da sua vivência, uma bela forma de exprimir emoções, sentimentos, pensamentos. Por conteúdo e beleza no que escreve. (Capa dos livros Sublime Amor em Poesia, Poeta Vadio e Alma de Poeta - Arquivo Pessoal) Douglas Delmar Formado em Biblioteconomia e atualmente estudante de Design Gráfico, Douglas sempre teve paixão pela escrita e poesia, já participando de antologias poéticas e tendo alguns poemas seus lidos em rádios de Lisboa, Portugal. Amante das artes, da música e da escrita, gosta de conhecer pessoas que estejam inseridas nesse contexto artístico e incentivar novos talentos. No tempo livre, a escrita é seu hobby preferido, pois é através da criação de histórias que exercita sua imaginação e criatividade. Acredita que as palavras, aliadas com as ações, têm o poder de mudar a realidade.
- Gilson Romanelli, um corretor de imóveis apaixonado pelo Brasil
Gilson Romanelli é um corretor de imóveis atuante no estado de Goiás, terra de Cora Coralina e de inúmeros artistas sertanejos, como Leonardo, Zezé Di Camargo & Luciano e Bruno & Marrone. O profissional também atua na Paraíba, terra de Ariano Suassuna, Zé Ramalho, Juliette (ex-BBB) e do jogador Hulk, além de tantos outros que levam o nome do estado para o restante do Brasil e do mundo. E ainda atende em outras regiões do país, como Rio de Janeiro e Bahia. Singular no mercado imobiliário e com olhar clínico no que cada localidade tende a proporcionar ao novo morador. Gilson concedeu uma entrevista à Revista do Villa contando um pouco sobre sua trajetória e os benefícios em adquirir um imóvel nos dias de hoje. Confira! Dizem que toda pessoa que vende algo, nasce ou adquire a técnica da persuasão. Sabe-se que para o corretor, a negociação não se restringe apenas ao bom diálogo. O que mais é necessário? Toda pessoa que vende algo pode adquirir a técnica da persuasão com prática e estudo. Além do bom diálogo, é necessário ter empatia, conhecer o produto ou serviço que está vendendo, entender as necessidades do cliente e saber criar soluções que atendam a essas necessidades. Quando que você descobriu que tinha esse dom, o de proporcionar a felicidade às famílias que compram ou vendem um imóvel? O dom de proporcionar felicidade às famílias que compram ou vendem um imóvel vem da satisfação em ajudar as pessoas a realizarem um sonho, a conquistarem um novo lar ou a investirem em seus futuros. Esse sentimento de realização pode surgir quando percebemos o impacto positivo que nosso trabalho tem na vida das pessoas. Você nasceu no interior de SP, mas pode se considerar um goiano (pelo tempo que mora em Goiás), ou seja, um “goiano” apaixonado pela Paraíba. O que mais te fascinou na região? Posso te contar sobre o que fascina tantas pessoas na Paraíba e na região do Brejo Paraibano, principalmente em cidades como Bananeiras. A Paraíba é conhecida por suas belas praias, clima agradável, culinária rica e diversificada, além da hospitalidade do povo paraibano. O Brejo Paraibano, incluindo cidades como Bananeiras, se destaca por suas paisagens verdejantes, clima mais ameno, ar puro e belezas naturais. É uma região conhecida por sua tranquilidade, preservação ambiental, cultura e arquitetura histórica. Muitas pessoas se encantam com a atmosfera acolhedora e bucólica do Brejo Paraibano, que oferece uma fuga da agitação das cidades maiores e um contato mais próximo com a natureza. Além disso, a região é famosa pela produção de cachaça, gastronomia típica, festas tradicionais, hospedagens charmosas e uma atmosfera que convida ao relaxamento e ao bem-estar. Esses são alguns dos motivos que podem ter cativado o "goiano” apaixonado pela Paraíba” e pela região do Brejo Paraibano. Em sua opinião, o que se deve esse boom no mercado imobiliário em João Pessoa, e que não se restringe apenas à capital? O boom no mercado imobiliário de João Pessoa pode ser atribuído a diversos fatores. Um dos motivos é o desenvolvimento econômico da região, que tem atraído investimentos e gerado empregos, aumentando a demanda por imóveis. Além disso, João Pessoa é uma cidade com belas praias, clima agradável e qualidade de vida, o que atrai tanto turistas quanto pessoas que desejam se mudar para a região. A valorização imobiliária também pode estar relacionada a melhorias na infraestrutura da cidade, como novas vias de acesso, áreas de lazer e serviços públicos. Por fim, políticas de incentivo ao setor imobiliário e facilidades de financiamento também podem contribuir para o crescimento do mercado imobiliário em João Pessoa e região. Quando uma pessoa busca por um imóvel, o que mais ela deseja além da própria casa ou apartamento? Quando uma pessoa busca um imóvel, além da própria casa ou apartamento, geralmente ela deseja segurança, conforto, boa localização, infraestrutura do entorno (como escolas, hospitais, transporte público), valorização do imóvel ao longo do tempo, entre outros fatores. A decisão de compra de um imóvel envolve diversos aspectos que devem ser considerados para garantir a satisfação e o bem-estar do comprador a longo prazo. No Brasil existe a cultura da dificuldade em comprar um imóvel. Parece um sonho distante e por vários motivos. Porém, muitas pessoas pagam pelo valor de um aluguel quantias até maiores do que uma parcela mensal, caso adquirissem um apartamento, por exemplo. O que acontece realmente? É tão difícil assim obter uma casa, um sítio etc.? Adquirir um imóvel no Brasil pode ser desafiador por diversos motivos. Alguns dos principais obstáculos incluem: 1. Alta burocracia : o processo de compra de um imóvel envolve uma série de trâmites legais, documentações e registros que podem tornar o processo demorado e burocrático. 2. Altos custos : além do valor do imóvel em si, é preciso considerar os custos adicionais, como impostos, taxas de registro, honorários de cartório, entre outros, o que pode encarecer a transação. 3 . Exigências financeiras : muitas vezes, as instituições financeiras exigem uma entrada significativa e uma comprovação de renda estável para conceder um financiamento imobiliário, o que pode dificultar o acesso à compra de imóveis por parte de algumas pessoas. 4 . Localização e valorização imobiliária : em algumas regiões, os preços dos imóveis são elevados devido à alta demanda, o que torna a compra de uma casa ou apartamento mais difícil para muitos indivíduos. Qual é a sua dica para quem deseja sair do aluguel? Uma ótima dica para quem deseja sair do aluguel e adquirir um imóvel no Brasil é começar se organizando financeiramente. É importante criar uma reserva de emergência, analisar seu orçamento mensal para verificar a capacidade de pagamento de prestações de um financiamento imobiliário e até mesmo poupar para uma entrada, caso opte por comprar à vista. Além disso, é fundamental pesquisar bastante, tanto sobre o mercado imobiliário da região desejada quanto sobre as condições de financiamento oferecidas por diferentes instituições financeiras, a fim de encontrar a melhor opção que se encaixe no seu perfil e possibilidades. A negociação do preço do imóvel e a contratação de um profissional qualificado para auxiliar em todo o processo também podem contribuir para tornar a experiência de compra mais tranquila e favorável. Gostaria de falar agora do mercado imobiliário de alto padrão, que vem crescendo bastante no nosso país. Por qual motivo ele tem sido tão atrativo? O mercado imobiliário de alto padrão tem crescido no Brasil por diversos motivos. Um dos principais é o aumento da renda e da estabilidade financeira de uma parcela da população, o que permite investir em imóveis de maior valor. Além disso, a procura por imóveis de alto padrão está relacionada com a busca por conforto, segurança, conveniência e status, características comuns nesse tipo de empreendimento. Outro ponto importante é a valorização desses imóveis, que muitas vezes se tornam um investimento rentável no longo prazo. Além disso, em um cenário de juros baixos, o financiamento imobiliário se torna mais acessível, estimulando a compra de imóveis de alto padrão. A oferta de empreendimentos imobiliários de alto padrão também tem acompanhado essa demanda crescente, com projetos cada vez mais sofisticados, inovadores e com uma estrutura de lazer e serviços diferenciada. Dessa forma, o mercado imobiliário de alto padrão no Brasil tem sido atrativo para quem busca investir em imóveis que ofereçam qualidade de vida, segurança e valorização patrimonial. Há quem goste de comprar uma casa pronta, mas tem pessoas que preferem o terreno e construir do seu jeito (claro, seguindo as regras da arquitetura e do município). O que você indica? Posso dizer que a escolha entre comprar um imóvel pronto ou um terreno para construir depende muito do perfil e das preferências de cada pessoa. Se ela prefere ter mais controle sobre o projeto, podendo personalizá-lo de acordo com suas necessidades e gostos, a opção por comprar um terreno e construir pode ser mais adequada. Isso permite que a pessoa escolha o layout, os materiais, os acabamentos e todos os detalhes da construção. Por outro lado, comprar um imóvel pronto pode ser mais conveniente para quem busca agilidade na mudança ou não quer se envolver diretamente na construção. Além disso, em muitos casos, a compra de um imóvel pronto pode ser mais vantajosa financeiramente, levando em consideração o tempo e os custos envolvidos na construção. É importante considerar também a localização do terreno ou do imóvel pronto, a infraestrutura do local, as condições do mercado imobiliário e as perspectivas de valorização do investimento. Um corretor de imóveis especializado poderá ajudar a avaliar todas essas questões e orientar sobre as melhores opções disponíveis no mercado, levando em conta as preferências e objetivos de cada pessoa. Ao comprar um imóvel, além de verificar a data de construção do mesmo, elétrica e hidráulica, o que mais uma pessoa precisa se atentar? Além dos aspectos citados, ao comprar um imóvel é importante verificar a documentação completa, como a escritura, matrícula, certidões negativas, possíveis pendências legais ou judiciais, dívidas ou ônus que possam estar associados ao imóvel. Também é fundamental realizar uma vistoria detalhada para identificar possíveis problemas estruturais, infiltrações, cupins, entre outros cuidados. Além disso, é recomendável avaliar a vizinhança, a segurança do local, a infraestrutura de serviços públicos e privados disponíveis na região, bem como as condições de financiamento, se for o caso. Esses cuidados ajudam a garantir uma compra segura e satisfatória. Todo mundo, quando vai ao nordeste, se apaixona. Há quem queira ficar. Qual é a dica que você dá aos que desejam comprar um imóvel na Paraíba? Para aqueles que desejam comprar um imóvel no estado da Paraíba, a dica é: além dos aspectos citados anteriormente, é importante buscar um corretor de imóveis de confiança e devidamente regularizado, para auxiliar em todo o processo de aquisição. Este profissional poderá ajudar na escolha do imóvel que atenda às suas necessidades, realizar uma pesquisa de mercado para garantir um preço justo, e orientar sobre as melhores regiões conforme seu perfil e preferências. Também é essencial visitar pessoalmente o imóvel, para verificar as condições reais do local e da vizinhança, bem como buscar referências sobre a construtora ou proprietário. Realizar um planejamento financeiro adequado, considerando possíveis custos extras e garantindo uma reserva para imprevistos, é fundamental para uma compra segura e satisfatória no estado da Paraíba ou qualquer região que seja, são cuidados básicos e fundamentais em qualquer aquisição. Para encerrar, o que você diz aos novos corretores que estão chegando ao mercado? Uma ótima dica para os novos corretores que estão ingressando no mercado imobiliário é focar na construção de um sólido relacionamento com os clientes. Isso inclui ouvir suas necessidades, entender suas preferências, ser transparente e oferecer um atendimento personalizado. Além disso, é fundamental manter-se sempre atualizado sobre o mercado imobiliário local, as tendências, os procedimentos legais e as oportunidades de investimento. Investir em marketing pessoal, como presença nas redes sociais, site próprio e networking, também é essencial para prospectar novos clientes e se destacar no mercado. A constante busca por aprimoramento, por meio de cursos, workshops e treinamentos, é outra estratégia importante para se destacar e oferecer um serviço de qualidade aos clientes. Lembre-se sempre de agir com ética, transparência e profissionalismo em todas as suas negociações, pois a reputação é fundamental nesse ramo. Com dedicação, empenho e foco no cliente, os novos corretores podem alcançar o sucesso no mercado imobiliário. Para quem deseja entrar em contato com o Gilson Romanelli, acesse: E-mail: gilsonjrromanelli@gmail.com Telefones: (83) 9.9910-3732 / (11) 9.6103-3732 Ou pelo QR Code abaixo... Xandy Novaski É roteirista, escritor, além de produtor e diretor de audiovisual. Formado em Produção e Direção para Rádio e Televisão e pós-graduado em Marketing Digital, consta de seu currículo outros cursos de especialização, como os de roteiros para TV e Cinema. Membro da ABRA (Associação Brasileira de Autores Roteiristas), iniciou a carreira no audiovisual ainda na época da faculdade. Tempos depois assumiu como roteirista e assistente de direção o programa ‘Central de Cultura’, exibido na CNT. Em 2008 roteirizou seu primeiro programa ‘ao vivo’ e diário, o ‘Da Hora’, exibido na Rede Família de Televisão. Durante esse período lecionou no SENAC/SP o curso de ‘Produção para TV e Vídeo’. Em 2011 passou a trabalhar como crítico de teledramaturgia, colunista e colaborador para diversas revistas com distribuição nacional, dentre elas a ‘Te Contei’ e ‘Supernovelas’. No cinema, escreveu e dirigiu o premiado curta-metragem ‘O Maior Amor de Todos’. É roteirista e diretor de outros filmes, como o longa-metragem “Quando Chega a Hora de Esquecer”. Teve sua estreia no mercado editorial em 2013 com o romance ‘Cinza Solidão’, livro que está na 2a. edição, em comemoração aos 10 anos da primeira tiragem. Colaborou em outros dois livros, ambos lançados pelo selo Duetto da Ediouro: ‘Fátima A Santa das Aparições que Mudaram o Mundo’ (que teve 5 estrelas na avaliação de clientes da Amazon) e ‘Jorge, O Santo Guerreiro’.
- Entrevista: José Cesário
José Cesário volta a assumir Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas e quer “resultados rápidos” em temas variados. José Cesário é o novo Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. Nomeado pelo Governo de Luís Montenegro, Cesário regressa a uma função que já ocupou nos XV, XIX e XX governos constitucionais. O agora Secretário de Estado foi eleito nas eleições de 10 de março pela Aliança Democrática (AD) pela emigração no círculo de Fora da Europa. Tem experiência no parlamento português, tendo sido deputado desde 1983. Esta é a quarta-vez que vai liderar a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas. É natural de Viseu, tem 65 anos de idade e conta com um currículo extenso na política portuguesa, tendo sido já secretário de Estado da Administração Local no XVI Governo constitucional e atual Coordenador das Comunidades Portuguesas do PSD. Foi ainda secretário-geral adjunto do PSD de 1988 a 1990, secretário da Mesa da Assembleia da República na VI e VIII legislaturas e vice-presidente do grupo parlamentar social-democrata na XIII Legislatura. “Foi uma luta muito difícil” Sobre a sua eleição como deputado pela emigração pelo círculo de Fora da Europa, Cesário destacou que “foi uma luta muito difícil num círculo eleitoral que prima pela extraordinária dimensão geográfica e humana. Confesso que é uma enorme honra voltar a desempenhar estas funções e poder representar os nossos compatriotas que vivem espalhados por quatro continentes”. Este responsável sublinhou o resultado dos votos da diáspora portuguesa, considerando ser “chocante” o montante de votos nulos. “Temos duas realidades diferentes na Europa e Fora da Europa. No círculo por onde fui eleito (Fora da Europa), houve a novidade da eleição de um deputado do Chega e do afastamento de Santos Silva. Isto vai responsabilizar-nos de uma forma muito evidente, tendo nós a obrigação de fazer coisas diferentes das que têm acontecido e o Deputado do Chega deverá ser protagonista da apresentação de soluções alternativas. (…) Claro que também não posso deixar de salientar o modo como decorreu o escrutínio dos votos, sendo especialmente chocante o extraordinário número de votos nulos, situação que deverá ser olhada com atenção”, frisou. À nossa reportagem, José Cesário confirmou que, durante a campanha eleitoral, viveu momentos marcantes, como “o meu regresso a Macau, onde já não ia há alguns anos e o contacto com os portugueses descendentes dos judeus sefarditas, pessoas que demonstraram uma extraordinária ligação a Portugal. Não posso também deixar de salientar os muitos lusodescendentes com quem tive oportunidade de contactar no Brasil, especialmente em São Paulo”. Ainda durante a campanha eleitoral, Cesário disse ter tido acesso a informações que vão auxiliar nas suas futuras ações junto das comunidades portuguesas. “Desde logo confirmei as informações que já tinha recolhido relativamente ao autêntico desastre verificado no âmbito da rede consular. O investimento de dezenas de milhões de euros feito nos últimos anos nesta rede está a traduzir-se num total fracasso. Por outro lado, foi também muito evidente o abandono a que estão votadas as muitas associações portuguesas espalhadas pelo mundo. Tudo isto são aspetos a que daremos prioridade no futuro”, afiançou. O agora Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas reafirmou que, antes das eleições de março, viveu “uma das maiores batalhas políticas” da sua vida. “Especialmente ao confronto contra o poderosíssimo Santos Silva, presidente da Assembleia da República e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, apoiado numa máquina muito poderosa e, por outro lado, à disputa verificada no Brasil contra a candidatura do Chega, apoiada pela impressionante máquina de propaganda ligada ao partido do ex-presidente Bolsonaro. Confesso que termos conseguido ganhar estas eleições, neste contexto e com a vantagem que conseguimos, foi um resultado que me deixou muito entusiasmado e muito mais responsabilizado do que até aqui”, mencionou José Cesário, que revelou quais serão os seus próximos passos. “O nosso programa é muito claro. Questões como o funcionamento da rede consular, a legislação eleitoral, a relação com os lusodescendentes, o apoio social aos mais carenciados e isolados e a ligação das comunidades à nossa administração pública serão aspetos a considerar especialmente. (…) espero ter resultados rápidos no plano da melhoria do acesso aos consulados, no plano da ligação aos lusodescendentes, no apoio ao associativismo e, já agora, no incentivo aos órgãos de comunicação social em língua portuguesa no estrageiro”, recordou. Currículo com passagem pelo ensino e pela Administração Pública É Licenciado em Administração e Gestão Escolar através de Diploma de Estudos Superiores Especializados, foi professor do Ensino Básico, membro da Direção do Sindicato de Professores da Zona Centro e fundador da Associação Nacional de Professores do Ensino Básico. Entre as condecorações e louvores com que foi distinguido, registam-se a Grã-Cruz da Ordem do Cruzeiro do Sul da República Federativa do Brasil, Oficial da Ordem do Mérito do Grão-Ducado do Luxemburgo e Medalha de Mérito Municipal de Viseu. Foi fundador da Tendência Estudantil Reformista (TER) em 1978, juntamente com Carlos Pimenta, António Fontes e Carlos Coelho, e fundador e dirigente do grupo cultural “Proveta”, em Viseu, entre 1977 e 1981. O novo secretário de Estado das Comunidades foi ainda presidente do conselho Fiscal do Rancho Folclórico de Ranhados e do Clube Académico de Futebol, em 1994 e 1993, e ainda presidente da Assembleia Geral do Futebol Clube de Ranhados entre 1992 e 1993. Agora, a sua vaga de deputado pelo círculo de Fora da Europa está a ser ocupado pelo deputado suplente Flávio Martins, atual presente do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CP-CCP), que já tomou posso na Assembleia da República. “Espero corresponder às expetativas daqueles que, votando ou não em nós, vivem no estrangeiro e sei bem que tanto sofrem com a falta de respostas para os seus problemas. (…) Poderão esperar aquilo que sempre fui e fiz: Trabalho, dedicação, proximidade, verdade, frontalidade e honestidade. Assim estarei à disposição de todos, independentemente da opção política e ideológica de cada um”, finalizou José Cesário. Ígor Lopes
- Haroldo Bianchi: o palco como missão
Haroldo Bianchi é ator formado pelo Teatro Escola Macunaíma, um dos mais tradicionais na cidade de São Paulo. Durante anos, também atuou como Promotor Público, outra grande paixão. Seja nos palcos ou na promotoria, seu compromisso maior sempre foi interferir de forma positiva na vida das pessoas. Vivendo Creonte, o Rei de Corinto, na peça “Memórias do Mar Aberto: Medeia Conta Sua História”, escrita por Consuelo de Castro e dirigida por Reginaldo Nascimento (tendo como assistente de direção Amália Pereira), nesta entrevista o artista fala sobre o espetáculo, relembra alguns momentos de ambas as carreiras e aponta dicas para quem está em início de carreira. Confira! Você é ator, mas também atuou na Promotoria Pública. De onde vem a paixão pelos palcos? A paixão pelas artes cênicas é antiga, remonta minha infância e tem muito a ver com os espetáculos circenses que eu assistia em Santa Cruz do Rio Pardo, interior do Estado de São Paulo, minha terra natal. O circo sempre foi mágico para mim, e, já àquela época, eu dizia aos familiares que queria ser palhaço. Me lembro que ficava esperançoso que algum daqueles artistas me chamasse até o picadeiro para participar das brincadeiras que tradicionalmente eles faziam com as crianças da plateia. A ficha caiu mesmo quando um circo-teatro se instalou na cidade e, ao final daquelas costumeiras atrações circenses, a companhia apresentou a peça intitulada “… E O Céu Uniu Dois Corações”. Uau! Era a primeira vez que eu tinha contato com uma cena de teatro e aquele momento foi, sem dúvida alguma, um “start” para mim. Eu, que até então, não tinha noção alguma do que era o teatro como arte da representação dramática, fiquei absolutamente arrebatado com aquela história e a forma como ela foi contada. Jamais esqueci. Não demorou muito para que eu passasse a reunir amigos de infância para “brincar de circo” e apresentar nas nossas respectivas casas os “espetáculos” destinados às outras crianças do bairro. Além disso, toda atividade escolar que tivesse alguma ligação com a ideia de “contar uma história”, lá estava eu, inicialmente nos bancos escolares e, depois, já na adolescência, no grupo de jovens da Igreja de São Bendito. Não posso falar de minha terra natal sem dizer que sou conterrâneo do querido e inesquecível ator e produtor Umberto Magnani Neto (1941-2016), premiadíssimo no teatro, cinema e televisão, e que é uma referência para mim. Em nossa cidade, em justa homenagem a ele, o antigo “Cine São Pedro” leva o seu nome: “Palácio da Cultura Umberto Magnani Neto”, o que muito honra a mim e a todos os santa-cruzenses. Um promotor seria também um contador de histórias? Eu sempre digo que, além das artes cênicas, houve uma outra grande paixão na vida que é o Ministério Público, Instituição na qual trabalhei por mais de três décadas. Durante esse período todo, tive a oportunidade única de conviver diretamente com milhares de pessoas, as quais, por força da minha profissão, dividiram comigo seus problemas, seus dramas e suas tragédias pessoais. Não posso negar que o ator no qual me transformei é também consequência dessa vivência tão próxima com essa humanidade que envolve a todos nós e que me trouxeram elementos para poder contar de uma boa história. Os casos da vida real, de alguma forma, podem ter contribuído para seu mergulho na dramaturgia? Claro! É a arte imitando a vida. Na composição de uma personagem, os casos da vida real sempre contribuem, de algum modo, para definir os rumos daquele drama, daquela tragédia ou daquela comédia e, por consequência, os contornos de cada personagem. É maravilhoso quando um artista consegue reproduzir um acontecimento cotidiano. Às vezes nos reconhecemos numa personagem da TV, do Cinema, do Teatro e dizemos “Nossa, tão eu!” (risos). Outras vezes lembramos de alguém de nosso convívio a partir de uma personagem interpretada num filme, numa novela, numa peça de teatro (“Tão fulano...” risos). Enfim, para um ator, o cotidiano das pessoas (como andam, como falam, como riem, como choram, seus tiques etc) sempre será uma fonte inesgotável de inspiração na construção de uma personagem. Sabemos que o teatro é feito de improviso. Cada momento é único, imprevisível e mágico. Em 2003 houve um perrengue numa apresentação que você faria ao final de um curso livre de teatro. Conte pra gente esse momento na sua carreira! De regra, tudo o que acontece no palco decorre de horas e horas de ensaios e marcações precisas e exaustivamente repetidas. O improviso só acontece a partir de algum acontecimento pontual, não desejado, como, por exemplo, quando um dos atores esquece o texto a partir da “deixa” dada pelo outro ator. Nesse caso, “improvisar” é uma forma de “contornar” aquele acontecimento, com o cuidado, sempre, de não interferir na essência do espetáculo. E há, de outro lado, o “teatro do improviso”, sem textos decorados e, este sim, destinado à interpretação de algo que não foi preestabelecido entre os artistas. Bem, vamos ao perrengue da pergunta... E u morava na cidade de Bauru e estudava artes cênicas no “Curso Livre de Teatro”, então ministrado pelo querido Paulo Neves e já sabíamos que, ao final desse curso, nossa apresentação seria no “Teatro Municipal Celina Lourdes Alves Neves” (que leva o nome da mãe de Paulo). Como éramos vários alunos, fomos divididos em grupos com os respectivos diálogos a serem encenados no palco. Eu e outro colega passamos a ensaiar um suposto diálogo entre um garoto e o físico alemão Albert Einstein (minha personagem), a respeito da bomba atômica. Eu estava muito feliz e, ao mesmo tempo, ansioso por aquele momento. Tudo ia muito bem até que, para minha frustração (risos), às vésperas de nossa apresentação, o ator que fazia dupla comigo, repentinamente precisou mudar-se com a família para outra cidade e, infelizmente, não houve tempo hábil de substituí-lo e, menos ainda, “improvisar”. Resultado: não aconteceu minha “estreia” num palco de Teatro. Claro que, hoje em dia, esse acontecimento é cômico (risos), mas, na época... foi trágico para mim! (muitos risos). Você é formado pelo Teatro Escola Macunaíma. Qual é a importância do palco para o ator? O palco é um lugar sagrado para o ator. Não o escolhemos; ele nos escolhe e nos acolhe. Por isso, quando pisamos naquelas tábuas, o fazemos com reverência, com respeito e com compromisso. Reverenciamos os artistas que nos antecederam; respeitamos aqueles que ainda virão; e nos comprometemos a honrar nosso ofício. Estar no palco não é um privilégio, mas uma missão: a de interferir positivamente na vida de outras pessoas a partir daquela história que ali está sendo contada. Sua trajetória como ator vai desde Tchékhov, passando por Plínio Marcos e chegando em Nelson Rodrigues. Mergulhar nessa diversidade dramatúrgica te trouxe quais habilidades cênicas? Sem dúvida. Ao transitar pela comédia, pelo drama e pela tragédia, fui percebendo que o domínio das minhas habilidades cênicas vem acontecendo de forma cumulativa. O exercício do ofício do ator tem me trazido um aprendizado em “camadas” que se manifesta através de cada personagem que me habita, desde a leitura do texto, passando pelos ensaios até chegar aos palcos. Isso não para nunca. E, mesmo no palco, essa “persona” continua me ensinando algo sobre ela em cada apresentação. Atualmente você está no elenco de “Memórias do Mar Aberto: Medeia Conta a Sua História”. O que este espetáculo traz de novidades ao público? A narrativa clássica de Medeia, escrita por Eurípides em 431 a.C, retrata uma mulher que sente repudiada por Jasão, seu marido e grande amor, que resolveu casar-se com a filha do Rei Creonte. Então dele resolve se vingar, matando os próprios filhos. Na peça “Memórias do Mar Aberto: Medeia Conta Sua História”, escrita em 1997, a dramaturga brasileira Consuelo de Castro dá conotação contemporânea à personagem de Medeia, de tal modo que a traição experimentada por Medeia não se restringe apenas à vida amorosa dela com Jasão, mas se expande também para a traição no campo político e social, diante da aliança política firmada por ele com o Rei Creonte (meu personagem). Aqui, a morte dos filhos não é por ela desejada, mas acontece por acontecimentos que fugiram ao seu controle. No seu texto, Consuelo de Castro mostra a Medeia que tomou o lugar de Jasão e que chefiou a Expedição dos Argonautas, não por amor a ele, mas pelo ideal de paz entre os povos do Ocidente e do Oriente. Esse texto maravilhoso tem a direção impecável do mestre Reginaldo Nascimento e da diretora assistente Amália Pereira e conta com atriz e atores absolutamente comprometidos com o espetáculo, rodeado de um primoroso cenário e de figurinos impecáveis. Numa palavra? IMPERDÍVEL! Sua trajetória como ator também passa pela sétima arte. “Stand Up – Minha Vida é Uma Piada” está disponível no Telecine e Globoplay. Em sua opinião, quais são as maiores diferenças entre interpretar para o teatro e cinema? Fiquei muito honrado em participar desse longa-metragem, a convite do Diretor de Elenco Paulo Letier e do Diretor Miguel Rodrigues. Sim, a linguagem do cinema é bem diferente da linguagem do teatro e essa foi uma das razões que me motivaram a aceitar esse desafio. Basicamente, a interpretação para o teatro envolve projeção de voz e algum exagero nas expressões faciais, tudo de molde a alcançar a plateia toda. E no palco, como não há a possibilidade de edição de cena, os atores/atrizes encenam o texto até o final, ininterruptamente. Já no cinema, a tecnologia proporciona ao Diretor e ao elenco muitas possibilidades. Por exemplo, a câmera é a grande aliada para a captura do olhar, da emoção, da voz, tornando tudo mais natural. E quando algo desagrada a direção, a cena é refeita, quantas vezes forem necessárias até atingir o objetivo final. Seu trabalho também se estende às campanhas publicitárias na TV. É preciso ser bom na persuasão, já que o objetivo desses institucionais geralmente é ofertar algum produto ou serviço? Por quê? A criatividade dos produtores das campanhas publicitárias aliada ao poder de persuasão do ator são mecanismos bastante utilizados para convencer o público a consumir determinado produto ou serviço. Cabe ao ator, antes de vincular seu nome àquela marca, verificar se a empresa está compromissada com o meio ambiente e com a eficácia e a qualidade do produto ou serviço. Dentre o palco, o cinema e a televisão, você tem algum veículo de sua preferência? Por quê? Eu iniciei minha carreira no teatro, já fiz cinema, trabalhei em alguns audiovisuais e, claro, me interesso muito pela televisão, onde ainda não tenho nenhum trabalho. Eu reconheço nesses três veículos de comunicação o ambiente favorável e necessário para que, cada um, a seu modo, seja verdadeiro instrumento de transformação social, influenciando positivamente – e apenas positivamente – a sociedade. Com uma trajetória tão extensa na arte de interpretar, quais as dicas que você daria para aqueles que estão iniciando na carreira? - Estejam conscientes de que a vida do profissional das artes cênicas não é nada fácil. Infelizmente, no Brasil, não dá para viver apenas de teatro, ainda mais no início da carreira. Por isso, muitos artistas mantêm uma profissão paralela ou iniciam o ofício depois da aposentadoria. - Mesmo depois de cumprirem a necessária formação profissional nas artes cênicas e alcançarem o Registro Profissional expedido pela Delegacia Regional do Trabalho (daí o nome DRT), mantenham-se comprometidos com o aprimoramento do ofício, participando de oficinas e cursos, indo ao teatro com frequência, observando os colegas em cena etc. - Não esperem que grandes oportunidades venham até vocês! Caminhem em direção a elas, valendo-se do ator-criador que já existe em vocês. Observem o cotidiano das pessoas e, a partir dele, desenvolvam pequenos quadros e esquetes; utilizem-se do audiovisual; façam vídeos para suas redes sociais; apresentem-se em saraus, em escolas e em teatros do seu bairro; integrem o elenco de agências especializadas em casting de atores para publicidade, cinema, televisão etc. Enfim, tornem público o seu ofício de ator. - E o mais importante: leiam sempre e muito. O tempo todo. Galeria de imagens... Crédito das fotos: Arquivo Pessoal Xandy Novaski
- Brasil: nova Cátedra da rede Camões homenageia Lídia Jorge, uma mulher escritora
No Dia Internacional da Mulher, 8 de março, a Universidade Federal de Goiás, a Embaixada de Portugal no Brasil e o Camões - Centro Cultural Português em Brasília anunciaram o lançamento da Cátedra Lídia Jorge, a primeira Cátedra da rede Camões no Brasil a homenagear uma mulher escritora. A escritora portuguesa participou no dia do lançamento dessa Cátedra no Brasil com o objetivo de “promover os estudos na área e estabelecer intercâmbio entre discentes, pesquisadores e autores”. O evento de lançamento da Cátedra Lídia Jorge decorreu no dia 19 de março numa cerimónia na Universidade Federal de Goiás aberta ao público. O embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos, considera que esse lançamento, e sua homenagem a uma das maiores escritoras portuguesas de todos os tempos, coroa um ano muito especial para Portugal. “Em 2024 vamos celebrar os 50 anos da Revolução dos Cravos, em 25 de abril, e os 500 anos do nascimento do nosso grande poeta, Luís Vaz de Camões. E tenho certeza de que essa Cátedra dará belos frutos, no próximo futuro”, considerou o embaixador. Nascimento da Cátedra “O que hoje é uma conquista, não só para a Faculdade de Letras, mas para toda a comunidade brasileira, nasceu de um convite da Embaixada Portuguesa, no primeiro semestre de 2023, por meio do Camões – Centro Cultural Português em Brasília, para que a UFG encaminhasse um representante para o encontro de cátedras no Brasil”, reforçaram os responsáveis pela iniciativa. “Ficamos muito felizes com esse convite, uma vez que foi o primeiro aceno para que pudéssemos implementar o que hoje se inaugura como a Cátedra Lídia Jorge”, pontuou o professor da Faculdade de Letras, Rogério Max Canedo, que estuda há anos Literaturas Africanas de Línguas Portuguesa e Literatura Portuguesa. Segundo apurámos, com a criação da Cátedra Lídia Jorge, o Brasil contará com nove Cátedras Camões. O professor lembra que, a partir dos diálogos estabelecidos quando de seu encontro com os demais coordenadores das Cátedras Camões e, em especial, com a Diretora do Camões - CCP Brasília, Alexandra Pinho, e em parceria com a Secretaria de Relações Internacionais da UFG, tiveram início as tratativas que culminaram, em dezembro do ano passado, com a resposta favorável para esta criação. “Em nenhum momento abri mão da ideia de que a Cátedra, na Universidade Federal de Goiás, levasse o nome de uma homenageada, sendo ela uma mulher escritora. Lídia Jorge esteve todo tempo em meu horizonte. Em muito nos engrandece o nome dessa autora portuguesa, pelo seu peso político e literário”, concluiu Rogério Max Canedo. Ígor Lopes
- FIN Brasil 2024: Maior evento empresarial do Brasil pretende reunir mais de 45 países, incluindo nações lusófonas
Com mais de 45 países confirmados, incluindo Portugal, Angola e Moçambique, a terceira edição da Feira Internacional de Negócios (FIN) Brasil 2024 está prestes a abrir as portas com a responsabilidade de ser o maior evento empresarial de Florianópolis, no estado de Santa Catarina, no Sul do Brasil. Com destaque para a presença dos países lusófonos, o certame promete impulsionar oportunidades de negócios entre os países de língua portuguesa e as regiões de Portugal. Entre os participantes confirmados, estão autoridades governamentais e delegações de mais de 60 países, além de entidades como a InovCluster - Associação do Cluster Agroindustrial do Centro de Portugal; Patrícia Coelho, vereadora da Câmara Municipal de Castelo Branco, Portugal; e a Zona Económica Especial Luanda-Bengo, de Angola, entre outros. “O Estado de Santa Catarina está de braços abertos para receber a comunidade portuguesa na terceira edição da Feira Internacional de Negócios (FIN) Brasil 2024”, garantiu o presidente da Câmara de Comércio Brasil-Portugal de Santa Catarina, Jatyr Ranzolin, que é também CEO desta iniciativa. Este responsável destaca também a recetividade à comunidade portuguesa naquele que é um dos mais importantes encontros empresariais de Florianópolis, que decorre entre os dias 3 e 4 de abril próximo. Com mais de 300 empresas expositoras e a participação de 45 países confirmados, a FIN Brasil 2024 promete ser ainda “maior e o mais impactante” evento depois de passar pela Europa e Ásia. Segundo os organizadores, “a FIN Brasil 2024 será um ambiente propício para negócios e networking , contribuindo para a internacionalização e inovação nos mercados locais e internacionais”. Com a introdução de conceitos como ESG (Ambiental, Social e Governança) e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, a feira reforça o seu compromisso com o crescimento sustentável dos países participantes. O presidente da Câmara de Comércio Brasil-Portugal de Santa Catarina, Jatyr Ranzolin, ressalta a importância da FIN como um dos mais importantes encontros empresariais de Florianópolis, enquanto o Secretário de Estado de Articulação Internacional, Juliano Froehner, sublinha a oportunidade para Santa Catarina atrair investimentos e promover relações comerciais com os participantes, incluindo os interessados que podem aceder ao site oficial do evento: https://finbrasil.com.br/pt Ígor Lopes
- Relíquias da história: aniversário da cidade do Rio de Janeiro
No início deste mês, comemoramos 459 anos da nossa cidade maravilhosa; e a pergunta é: 1º de março ou 20 de janeiro? - Muitos ficam indecisos entre as duas datas. Por isso, inúmeras vezes se tem comemorado o aniversário do Rio de Janeiro no dia do santo padroeiro. Para afastar quaisquer dúvidas, fica aqui registrado sucintamente o episódio de fundação da cidade. Em 1555, os franceses invadiram o Rio de Janeiro pretendendo aqui fundar uma colônia. Em 1564, os portugueses resolveram, enfim, organizar uma expedição para expulsá-los e fundar uma cidade fortificada com o objetivo de impedir para sempre outras investidas. Estácio de Sá, sobrinho do governador Mem de Sá, chegou em terras cariocas no dia 28 de fevereiro com alguns navios e soldados, desembarcando na praia entre o morro Cara de Cão e o Pão de Açúcar. No dia seguinte, 1º de março de 1565, fundou oficialmente a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, em homenagem ao rei menino de Portugal e escolheu o santo de mesmo nome para padroeiro, a quem se presta homenagem no dia 20 de janeiro. A lenda diz que o mordomo encarregado de cuidar da capela do santo foi atacado por índios. Invocou seu nome e imediatamente chegaram reforços. Em uma das canoas um moço louro lutou bravamente, desaparecendo depois de finda a batalha. Foi identificado como sendo o santo padroeiro que lutara em defesa de sua cidade. A expulsão e derrota definitiva dos franceses e seus aliados indígenas, no entanto, só se deu em janeiro de 1565. A vitória de Estácio de Sá , subjugando elementos remanescentes franceses (os quais, aliados aos tamoios , dedicavam-se ao comércio e ameaçavam o domínio português na costa do Brasil), garantiu a posse do Rio de Janeiro, rechaçando, a partir daí, novas tentativas de invasões estrangeiras e expandindo, à custa de guerras, seu domínio sobre as ilhas e o continente. A povoação foi refundada no alto do antigo Morro do Castelo , que se localizava no atual centro da cidade . O morro foi removido em 1922 como parte de uma reforma urbanística. O novo povoado marcou o começo de fato da expansão da cidade. Durante quase todo o século XVII, a cidade acenou com um desenvolvimento lento. Uma rede de pequenas ruelas conectava entre si as igrejas, ligando-as ao Paço e ao Mercado do Peixe, à beira do cais. A partir delas, nasceram as principais ruas do atual Centro. Com cerca de 30 000 habitantes na segunda metade do século XVII, o Rio de Janeiro tornara-se a cidade mais populosa do Brasil, passando a ter importância fundamental para o domínio colonial. Essa importância tornou-se ainda maior com a exploração de jazidas de ouro em Minas Gerais , no século XVIII: a proximidade levou à consolidação da cidade como proeminente centro portuário e econômico. Em 1763, o ministro português Marquês de Pombal transferiu a sede da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro, mas isso será assunto para a próxima matéria! Fontes: Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro Biblioteca Nacional Instituto Moreira Salles André Conrado Cidadão do mundo, carioca de nascimento e atualmente residindo em Salvador/Bahia; profissional de múltiplas habilidades. Hoteleiro de formação, com pós-graduação em Gestão de Turismo, estudou em Boston/USA. Apaixonado por artes, história e viagens, é apreciador de relíquias mundo afora. Com gosto e senso de humor apurado, busca incessante conhecimento em diversas Áreas e Gestão em Hospitalidade. Em sua coluna “ Relíquias da História “ na Revista do Villa, irá levar ao leitor uma verdadeira viagem pela história e o conhecimento.