Revista do Villa
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Convidamos você a se juntar a nós nesta jornada, acompanhando as novidades e publicações
em forma de matérias, entrevistas e artigos realizados pela equipe de colunista.
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- Roxy Dinner Show recebe embaixadores de Turismo do Rio de Janeiro
A nova casa de espetáculo, com uma proposta inovadora de jantar e show, Roxy Dinner Show recebeu um grupo de embaixadores de Turismo do Rio de Janeiro para experimentar um delicioso jantar e assistir ao show aquele abraço que nos leva para uma viagem pelos ritmos brasileiros. Foi uma noite de muita interação com um serviço de alta qualidade com um grupo de colaboradores bem treinados e amigáveis. ”É um Rio que nos orgulha é que precisava de um local central para turistas nacionais e estrangeiros e moradores da cidade para uma vivência única do folclore nacional e da alta gastronomia . Veja quem passou por lá! (fotos: divulgação) Revista do Villa
- Teatro Adolpho Bloch apresenta “Rio Uphill - O Musical”, primeiro musical brasileiro totalmente original criado em Nova York
Espetáculo que estreia em 27 de outubro conta a história do encontro de dois jovens cariocas de realidades bem distintas e seus desafios Link para imagens: https://drive.google.com/drive/folders/1rTlaJZ7_MA_2lNQzUpIywnwknQZLu7J9 Um evento inesperado na véspera de Ano Novo reúne Miguel, nascido e criado na favela fictícia Morro do Sol, e Daniel, um privilegiado jovem da Zona Sul do Rio de Janeiro. Durante esse encontro, Daniel se aproxima da comunidade e se apaixona pela irmã de Miguel, Júlia. Os problemas aumentam quando um vídeo comprometedor se torna viral na internet, colocando à prova os desafios e obstáculos pessoais de Miguel, Júlia e Daniel diante de uma sociedade parcial. Essa é a sinopse de Rio Uphill – o musical , que estreia no Teatro Adolpho Bloch , no próximo dia 27 de outubro. Com direção de Gustavo Barchilon , o musical é apresentado pelo Ministério da Cultura e Petrobras e tem coprodução da Barho Produções e JMP Produções Artísticas. Radicada há dez anos nos Estados Unidos, para onde foi estudar teatro musical, a produtora teatral e autora Juliana Pedroso alimentava a ideia de fazer uma obra original que levasse a cultura brasileira ao público da Broadway. Em parceria com o escritor e compositor premiado Matthew Gurren e do músico brasileiro de carreira inter nacional Nanny Assis , Juliana criou Rio Uphill – o musical . O primeiro musical totalmente original com temática e criação brasileiras desenvolvido em Nova Iorque, Rio UpHill estava pronto para iniciar carreira quando veio a pandemia. Sem poder ganhar os palcos, o espetáculo foi registrado como filme independente, o que lhe rendeu 22 indicações e prêmios internacionais, em especial por sua música, composta por Matthew Gurren e Nanny Assis . Antes disso, o musical já havia sido indicado ao prestigioso Richard Rogers Awards (2020), destinado a musicais em desenvolvimento em Nova Iorque. Sobre o filme independente RIO UPHILL - Parte I é um filme independente e de vanguarda que surgiu como resultado da pandemia de COVID. É baseado no musical teatral RIO UPHILL. À medida que o streaming online decolou como um canal para produções teatrais (Hamilton no Disney+), muitas dessas obras eram arquivos filmados de apresentações ao vivo. Queríamos dar um passo adiante e criar um híbrido entre teatro e cinema para uma experiência de visualização mais dinâmica nunca vista antes. Inspirado em Pass Over , de Spike Lee, e Dogville , de Lars von Trier, RIO UPHILL foi filmado em um único palco usando design de produção minimalista e técnicas cinematográficas, esforçando-se para ultrapassar os limites de como o teatro e o cinema podem ser vistos pelo público mundial. Sobre o Teatro Adolpho Bloch Localizada no histórico Edifício Manchete, na Glória, Rio de Janeiro, projetado por Oscar Niemeyer e com paisagismo de Burle Marx, o Teatro Adolpho Bloch é palco de momentos célebres da nossa cultura. Desde maio de 2019, o Instituto Evoé é responsável por devolver ao Rio de Janeiro esse espaço icônico, porém ainda mais moderno, transformado num complexo cultural. Graças à genialidade de Niemeyer, que criou um palco reversível, tornou-se possível, em um período desafiador, como a pandemia, promover espetáculos e eventos tanto na área externa, ao ar livre, quanto na interna. Ou nas duas ao mesmo tempo, em formato arena, proporcionando aos artistas, produtores, além dos cariocas e turistas, múltiplas formas de se criar e consumir arte e entretenimento. A construção é um ícone carioca – na arquitetura e na história que carrega. Único teatro na cidade do Rio de Janeiro que possui um palco reversível, permitindo que o público se acomode na área externa da casa de espetáculos, o Teatro Adolpho Bloch ganhou, em 2021, o formato arena, com capacidade para 359 lugares internos e 120 externos e um palco de 140m², equipado com a melhor estrutura. O espaço abriga ainda bistrô Bettina Café & Arte. FICHA TÉCNICA Diretor Artístico: Gustavo Barchilon Concepção: Juliana Pedroso Diretor de Produção: Thiago Hofman Autores: Juliana Pedroso e Matthew Gurren Compositores: Matthew Gurren e Nanny Assis Letras: Matthew Gurren Desenho de Luz: Maneco Quinderé Coreógrafos: Gabriel Malo e Nyandra Fernandes Figurinista: Wanderley Gomes Versionista: Talita Real Diretor Musical | Arranjador | Orquestrador: Carlos Bauzys Consultora de Representações Raciais e de Gênero: Deborah Medeiros Coordenadora Artística: Giselle Lima Cenógrafa: Natália Lana Cenógrafo Assistente: Victor Aragão Visagista: Feliciano San Roman Designer de Som: Paulo Altafim Assistente de Direção: Isabel Castello Branco SERVIÇO: RIO UPHILL – O Musical Local: Teatro Adolpho Bloch Endereço: Rua do Russel, 804, Glória Temporada: 27 de outubro a 17 de novembro de 2024 Quintas e sextas às 20h / Sábados às 17h e 20h/ Domingos às 16h e 19h Vendas online: https://bileto.sympla.com.br/event/97858/d/276098?_gl=1*v8ef8e*_gcl_au*MTYxMDgxNDE2OS4xNzI1Mjk4MjMy*_ga*NjgyMzg5NzguMTcyNDA4ODMzNg..*_ga_KXH10SQTZF*MTcyNTI5ODIzMi4xNy4xLjE3MjUyOTgyMzMuNTkuMC4xNDU0MjQ1MjI2 Valor: Entre R$20,00 e R$160,00 Classificação: 16 anos Duração: 110 minutos Capacidade: 359 pessoas Teatro com acessibilidade Alex Gonçalves Varela Alex Gonçalves Varela, historiador, professor do Departamento de História da UERJ, e autor de diversos artigos cientificos e livros. Atuou como pesquisador de enredo no universo das Escolas de Samba, sagrando-se campeao nos anos de 2006 e 2013. Amante das artes e da cultura.
- Entrevista com o Figurinista Chico Spinosa
Minha entrevista desta semana é com o figurinista, carnavalesco e comentarista de carnaval Chico Spinosa. 1- Olá Chico Spinosa! Você nasceu em Tabapuã, interior de São Paulo. Quais são as lembranças que você tem da sua cidade natal? Sou nascido em TABAPUĂ, interior do estado de São Paulo, uma cidadezinha que até hoje continua pequena. Minhas memórias estão nas coisas simples, família, brincadeiras no cafezal e nos terreroes de café e ir nadar no Rio que corta a fazenda... uma criança feliz. 2 - Você poderia comentar sobre os seus pais, infância e adolescência, e formação primária e secundária? Minha mãe era educadora do grupo escolar , filha de médicos e meu pai motorista de caminhão que vivia na estrada , fui muito mimado pela madrinha que vive até hoje na fazenda, saí da minha cidade aos doze anos e viemos para a cidade grande em busca dos estudos para os irmãos. Éramos quatro. A formação secundária se deu em plenos anos sessenta, anos da ditadura, na capital do estado, na cidade de São Paulo, que se tornou a grande paixão da minha vida. Tivemos uma infância e juventude com todas as facilidades que uma família abastada possa ter. 3- Quando você começou a se interessar pela criação de figurinos? Aos dezessete anos, conheci no mercado de tecidos da 25 de março um grande produtor da TV TUPI e me convidou para um papo e me ofereceu o meu primeiro emprego, na novela de Ivani Ribeiro, Mulheres de Areia, com Eva Wilma, juntamente com o figurinista antigo Paulo Varelli, uma proposta de modernizar o figurino e o comportamento dos núcleos jovens da novela. Em paralelo começamos a produzir uma próxima novela de época , se passava na década de vinte, O MACHÃO, com António Fagundes e Maria Izabel de Lizandra, para após o término do grande sucesso que foi Mulheres de Areia. E a partir daí veio o gosto, o carinho os estudos e as pesquisas sobre épocas em novelas. 4- Como se deu a sua formação como figurinista? Minha formação como figurinista foi autodidata, com muito estudos e pesquisas como faço até hoje, apesar de estar cursando a História da Arte com Dino Lovecchio. 5- Você ingressou na televisão brasileira na década de setenta na extinta TV Tupi. Como eram as condições de trabalho para um figurinista naquele momento? A TV Tupi foi uma grande escola, não só para mim, mas para a maioria dos profissionais que por lá começaram, grandes diretores, e atores, maquiadores, cabeleireiros, cenógrafos iluminadores, eu tive o prazer e o aprendizado de viver essa grande escola de televisão. No começo, em preto e branco, e depois com a televisão se tornando colorida, aprendemos testando cores e texturas até conseguirmos bons resultados. Em termos de criatividade foi um mar turbulento e fabuloso 6- A seguir, você ingressou na equipe de figurinistas da TV Globo. Como se deu o seu ingresso na emissora? Quem eram os figurinistas que integravam a equipe? Quando a teve tupi fechou (faliu), fiz incursões pela TV Cultura de São Paulo e depois acabei fazendo tres novelas na Rede Bandeirante entre elas a novela Cara Cara com Fernanda Montenegro, Débora Duarte, Luís Gustavo e David Cardoso....e aí veio o convite para a Rede Globo para fazer o figurino de Homem Proibido, com o David Cardoso. Acabei ficando trinta anos na Globo. Mas eu me apaixonei pela linha de shows, humor, fiz Jo Soares, Chico Anisio show, e especiais, e os grandes musicais como Criança Esperança, que fiz parte da equipe de criação por mais de quinze anos, Amigos, e os grandes musicais de final de ano como Rita Lee, Simone, Robeto Carlos, todos sobre a batuta de Aloísio Legei. Na Globo encontrei grandes nomes no figurino: Berardi um mestre, Marília Carneiro um exemplo, Beth Felipeck, Marco Aurélio Rodrigues, Elena Gastal, Paulo Lois um amigo, enfim os melhores do figurino no país em televisão. 7- Você realizou inúmeros trabalhos na emissora. Qual deles você mais gosta de destacar? Um dos trabalhos que mais gosto de me lembrar foi o Circo Rita Lee, especial de final de ano. Foi muito importante Rita na minha vida, foi o lisérgico que me faltava e que durou em quarenta anos de amizades e grandes parcerias, Marca da Zorra e por último a exposição no MIS. 8- Da televisão, você foi atuar no carnaval também. Existe diferença em criar um figurino para a televisão e para um desfile de Escola de Samba? Justifique. Da televisão, eu fui convidado por Mário Monteiro a fazer carnaval, um desafio maior, sair do vício de monitores e fazer grande desfiles em céu aberto, sem ensaios geral, mais aprendizados, proporções e volumes que me fizeram me apaixonar e ter grandes resultados entre Rio e São Paulo. Paulicéia Desvairada. 1992 Rio. Estácio de Sá; Banzai 1998 São Paulo. Vai Vai; Acorda Brasil, 2008 Vai Via ; Salve Jorge 2016 Estácio de Sá... e assim se passaram trinta e tres anos da minha vida acreditando, fazendo, e me surpreendendo com os resultados. Conhecer o samba e o carnaval foi mágico na minha vida até que um dia fui convidado para fazer parte do time de comentarista de carnaval junto com Maria Augusta, Haroldo Costa, Pretinho da Serrinha e Arlindo Cruz, foi uma honra e uma grande experiência que a televisão me concedeu. Durante toda a minha história no carnaval só me falta fazer uma homenagem carinhosa a Rita Lee. "Por isso não provoque é cor de rosa choque". 9- O que é ser um figurinista? Como você define o seu trabalho? Ser figurinista é adequar um guarda roupa para cada personagem dentro de uma dramaturgia. Na minha época eram elencos pequenos e fortes, com personagens e talentos. Hoje mudou muito. Elencos enormes, desinteressantes e muitos personagens que a profissão de figurinistas se delapidou e se tornaram para satisfazer o mercado em produtores de moda e sacoleiros de luxo. 10- Quais são os seus projetos futuros? Antes de falar em futuro, depois de cinquenta anos de trabalho, participei com o Grande Abel Gomes da abertura de duas olimpíadas, uma do exército como criação e construção, e a outra olimpíadas como colaborador e executor. Abel Gomes foi sempre um grande parceiro em grandes trabalhos desafiadores, e exemplo a vinda do Papa Francisco e a missa em Copacabana. Voltando um olhar para o futuro sempre estaremos com nossas raizes, "o Teatro" um lugar tranqüilo para novas experiências e novas memórias. Adoro músicas! Adoro teatro! Chico Vartuli Arquiteto, dedicado a interiores, com pós graduação em Berlim e curso de decoração em Londres, amante da arte e cultura. De um tempo para cá começou um hobby; escrever colunas, dedicando se a buscar pessoas, histórias interessantes voltadas ao mundo artístico.
- Roxy Dinner Show abre as portas em noite icônica em Copacabana
Novo ícone do entretenimento do Rio de Janeiro, totalmente repaginado, recebeu personalidades em noite de estreia O emblemático Roxy Dinner Show fez sua grande estreia na noite desta quinta-feira (17), em Copacabana. Com investimento de R$ 67 milhões, o antigo cinema de 1938, que agora abriga um espaço de 4.400m2, abriu suas portas com o espetáculo “Aquele Abraço”, criado pelo diretor artístico Abel Gomes. Em numa noite de gala, o empresário à frente do projeto, Alexandre Accioly, ao lado de Renata Padilha, recepcionou os convidados com um coquetel no novo e suntuoso foyer, e depois foram direcionados para o salão principal da casa e local onde acontece o serviço de jantar e show. Gilberto Gil e sua esposa, Flora Gil, a atriz Betty Faria, o cantor Belo, o ícone da televisão Boni, além do governador do Estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e o do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite prestigiaram a estreia do Roxy. A apresentação é uma viagem sensorial pelo Brasil, que celebra a diversidade e a alegria do nosso país. Os convidados assistiram em 1o mão o espetáculo que promete ser uma experiência sensorial completa, e trouxe um pouco do nosso repertório musical, com direito a funk, frevo, bossa nova e diferentes ritmos do Brasil Veja fotos do evento (por Vera Donato) Assessoria BT Comunicação Rozangela Silva-(21) 99998 1802 Email- rozangelasilva@btcom.com.br Vera Donato
- Sociedade Baiana no Século XIX - Parte III
Nesta edição chegaremos na terceira parte de nossa série, onde falaremos dos mais importantes adventos do século XIX. 1888 - Abolição da escravatura na Bahia O Brasil foi o último bastião da escravidão nas Américas. Estudos apontam que em 1886-87 na província da Bahia viviam 76.838 cativos ou cerca de 10% de toda a população escrava do país. Os proprietários baianos se aferraram ao trabalho escravo até “as vésperas da abolição”. A maioria das grandes fazendas mantinha ainda os cativos como mão de obra fundamental. Muitos daqueles escravocratas baianos foram surpreendidos pela lei que aboliu de forma imediata e incondicional a escravidão. Alguns consideraram a abolição “um ato arbitrário da representação nacional”. Sabiam das discussões no parlamento, mas não imaginavam que seria aprovada a abolição sem uma lei que obrigasse os libertos a trabalhar. É que a lei de 13 de maio significou uma ruptura na estratégia de emancipação gradual adotada pelo Brasil. A Lei do Ventre Livre, de 1871, garantia poder senhorial sobre os ingênuos até 21 anos e a Lei dos Sexagenários, de 1885, previa 13 anos para a extinção da escravidão. A chamada Lei Áurea foi aprovada às pressas, em resposta à deserção dos escravos das fazendas e ao movimento social de massa que o abolicionismo se tornou. Há quem diga que a Princesa Isabel, na ocasião como Princesa Regente (graças a uma doença de seu pai o Imperador Dom Pedro II), aproveitara a ocasião para assinar a Lei Áurea, que a tempos a sociedade e a Família Imperial almejavam. No entanto não previa, como queriam os proprietários de escravos; indenização ou dispositivos que forçassem os libertos a permanecer trabalhando nas fazendas. Na Bahia, a aprovação da abolição provocou diferentes reações. Muitos proprietários ficaram em choque, não só pela abolição, mas também pelas atitudes de autonomia e independência dos libertos no imediato pós–abolição. Para muitos “ex-cativos”, a extinção da escravidão ensejaria também o acesso à terra e o fim de hierarquias raciais. Um subdelegado escreveu informando que “o contágio das ideias perniciosas do comunismo queria surgir de chofre no distrito, depois da Lei Áurea”. Circularam várias notícias de invasão de terras, em geral pertencentes ao “ex-senhor”. Como nos Estados Unidos, aqui uma das expectativas de liberdade era possuir um pedaço de terra para plantar - “a distribuição de terra parecia ser uma consequência lógica da abolição”. Para muitos, ser livre significava trabalhar para si (na sua própria terra, na pesca, no trabalho ambulante), garantindo o controle sobre o tempo e o ritmo do trabalho. Vender a força de trabalho por um módico salário em condições semelhantes às vivenciadas no cativeiro, pode não ter sido o sonho de liberdade dos egressos da escravidão. O que explica um pouco a momentânea “perturbação”/desorganização do trabalho no imediato pós-abolição; alguns engenhos não concluíram a safra porque muitos libertos abandonaram as fazendas - se recusavam a trabalhar nos mesmos moldes da escravidão. Muitos se dirigiram para Salvador, Santo Amaro e Caravelas logo após a aprovação da lei - “na cidade, a liberdade é mais livre”. Os planos do Imperador Dom Pedro II para os escravos libertos após a abolição da escravatura incluíam: Acompanhar a Lei Áurea com leis que garantissem o direito privado à terra para os “ex-cativos”. Apoiar os planos econômicos de André Rebouças, que visavam a reforma agrária e a qualificação da população nativa para o trabalho industrial. Os anos de 1888 e 1889 foram marcados por conflitos entre ex-senhores, polícia e libertos e também por protestos e resistência individual dos ex-cativos que se expressaram no que os fazendeiros e autoridades chamaram de “desobediência e insubordinação”. As festas dos 13 de maio, em especial, tornaram-se objeto da atenção policial; vistas como espaços de desordem e confusão, aí se materializaram desafio a ex-senhores e autoridades locais. A festa tornou-se então um meio de protesto político em uma conjuntura de extrema politização e disputas sobre os significados que a liberdade deveria assumir. No pós-abolição, a Bahia experimentou a “politização da vida cotidiana” e os chamados 13 de maio, disputara palmo a palmo os significados da liberdade. Um liberto no sul da Bahia estava na porta de casa falando impropérios contra as autoridades e gritando para os policiais “que podia fazer o que quisesse, pois era livre”. Foi preso, mas não deixou por menos. Entrou com um processo judicial contra a prisão ilegal. Esses protestos e pequenas rebeldias dos libertos, a micropolítica do cotidiano, como resistir à prisão, afirmar-se livre, admoestar publicamente conhecidos escravocratas, assumir filiação partidária, questionar prisões arbitrárias ensejaram batalhas políticas e judiciais que desafiaram os limites da liberdade, e forjaram percepções de direito e cidadania no pós-abolição. 1889 – “Proclamação” da República na Bahia Em 17 de novembro de 1889 foi “proclamada a República na Bahia”, no Forte de São Pedro, dois dias após a data de referência nacional. O governo provisório foi chefiado por Deodoro da Fonseca. O vice chefe foi Ruy Barbosa. Pouco se produziu sobre a historiografia do movimento republicano na Bahia, sempre justificado pelo argumento de que a Bahia foi a última província a aderir ao novo regime ou de que, após o advento da república, os velhos políticos do antigo regime se reposicionaram no poder. Segundo Brás do Amaral, o primeiro clube republicano da Bahia foi inaugurado em 1876 e sofreu imediata repressão do presidente da Província, mas, naquele mesmo ano, apresentou candidatos às eleições municipais. Outros centros republicanos surgiam e despareciam com certa efemeridade, a exemplo do Clube da Academia de Medicina da Bahia e o Clube Republicano Federal, este último fundou o Partido Republicano com publicação do seu primeiro manifesto em 1889. Fontes : Arquivo Nacional Biblioteca Nacional IPHAN UFBA André Conrado - colunista da Revista do Villa Cidadão do mundo, carioca de nascimento e atualmente residindo em Salvador/Bahia; profissional de múltiplas habilidades. Hoteleiro de formação, com pós-graduação em Gestão de Turismo, estudou em Boston/USA. Apaixonado por artes, história e viagens, é apreciador de relíquias mundo afora. Com gosto e senso de humor apurado, busca incessante conhecimento em diversas Áreas e Gestão em Hospitalidade. Em sua coluna “ Relíquias da História “ na Revista do Villa, irá levar ao leitor uma verdadeira viagem pela história e o conhecimento.
- Sociedade Baiana no Século XIX - Parte II
Nesta edição continuaremos nossa viagem cronológica sociedade baiana no século XIX. 1859 – Visita do Imperador Os três mais ilustres membros da família de Bragança no Brasil visitaram a Bahia em momentos e circunstâncias diferentes, mas, somente Dom Pedro II fez um diário de viagem, com anotações de seu próprio punho, registrando as suas impressões no dia-a-dia de sua longa jornada, em 1859, pelas províncias do Norte. Seu pai Dom Pedro I, já estivera antes na Bahia, em 1826, com a esposa a Imperatriz Leopoldina e a amante Domitila - Marquesa de Santos - juntas. O soberano não teve nenhum escrúpulo em submeter a sua mulher a tamanha humilhação. Foi uma visita política, permaneceu apenas 19 dias e não fez qualquer registro. Antes, em 1808, o Príncipe Regente Dom João VI, demorara-se um mês e quatro dias em Salvador como citamos na matéria anterior, quando aqui fundou a Primeira Faculdade de Medicina do país, enquanto aguardava a Corte se estabelecer no Rio de Janeiro. Dom Pedro II demorou na Bahia menos do que seu avô, mas, se permitiu uma visita mais ampla. Aportou em Salvador em 06/10/1859, ventava muito, anotou no seu diário que não sabia como não se constipou e descreveu as ruas como “estreitas e enlameadas” e a iluminação das casas como “bonitas e principalmente a do Forte do Mar ”. Na hora de se recolher admirou o luxo de seu quarto: “nunca vi tanta prataria”. No dia seguinte o Imperador visitou o Arsenal da Marinha e a Catedral, onde compareceu ao “Te Deum” na Catedral, cujo segundo ele, “a música foi péssima”, e assistiu o sermão do Cônego Fonseca Lima que lhe pareceu “monótono” e com “elogios de mais”. Em seguida visitou igrejas e bebeu “agua boa”. No dia anterior queixara-se do gosto de ferro da água que lhe foi oferecida. Á noite foi ao Teatro São João, onde assistiu à uma Opera. Na sequência da viagem visitou os sítios históricos da Guerra da Independência, a Faculdade de Medicina, o hospital e asilo dos expostos da Santa Casa de Misericórdia que mandou confeccionar uma cadeira de jacarandá com emblema da instituição em alto relevo para o Imperador sentar. Visitou também conventos, quarteis, prisões, assistiu aulas e enfadonhos discursos e visitou a Biblioteca Pública. Em 28 de outubro o Imperador foi ao Bonfim, admirou a “bela alameda de palmas dendê” da avenida dos Dendezeiros. Fez inúmeras e vultuosas doações, uma delas para o arcebispo a quem solicitou repartir entre os vigários da cidade, para o asilo dos meninos abandonados da Santa Casa de Misericórdia, para funcionários de algumas instituições. A sua visita à Bahia, não se limitou à capital, andou pelo recôncavo e se permitiu declarar para si mesmo, já que o diário de viagem era íntimo, quando lhe desagradava, bajulação excessiva ou se entediava com enfadonhos e chatos discursos e oratórias sem graça. Parte do diário do Imperador se perdeu, deixando de registrar alguns dos momentos por ele vividos na Bahia. Um diário rico em informações e impressões, com um toque de bom humor e ironia, sempre que as circunstâncias exigiam . (Imagem 5) 1864 - Começou a Guerra do Paraguai . Os baianos tiveram grande participação na solução do conflito. Com a participação dos “Zuavos Baianos”, que foi um batalhão de soldados negros e mestiços que se alistaram nos Voluntários da Pátria e lutaram na Guerra do Paraguai; conflito que ocorreu entre os anos de 1864 e 1870. A guerra envolveu o Paraguai e uma aliança formada por Brasil, Argentina e Uruguai. O termo "zuavo" deriva das unidades de infantaria ligeira do exército francês, caracterizadas pelo uso de uniformes exóticos e coloridos, inspirados nas vestimentas dos soldados norte da África e do Oriente Médio. No caso dos Zuavos Baianos, eles adotaram esse nome em referência aos zuavos franceses, mas adaptaram seus uniformes ao contexto e clima do Brasil. O batalhão Zuavos Baianos se formou com negros livres e escravizados. Muitos desses homens enxergaram na oportunidade de servir ao exército uma chance de alcançar liberdade e conquistar algum bem. Juntamente com outras tropas brasileiras, enfrentou inúmeras dificuldades ao longo da guerra, como doenças, fome e condições precárias no campo de batalha. Os Zuavos participaram de batalhas importantes, como a Batalha de Tuiuti, e tiveram um papel significativo no conflito. Segundo Jolivaldo Freitas, a participação dos Zuavos Baianos e de outros negros na Guerra do Paraguai é frequentemente negligenciada ou esquecida na história oficial do Brasil. A contribuição desses homens muitas vezes não é reconhecida, apesar de sua valentia e dedicação à causa nacional. Em 1865 , o baiano Ângelo Moniz da Silva Ferraz era o Ministro da Guerra e negociou a rendição dos paraguaios em Uruguaiana. O Baiano Zacarias de Góis e Vasconcelos foi Presidente do Conselho de Ministros, de 1866 a 1868, durante a Guerra. Foi o baiano José Maria da Silva Paranhos, quem assinou o acordo de paz, pondo fim à Guerra, em 1870. De grande destaque, foi a heroína baiana Anna Nery, como enfermeira no Corpo de Saúde do Exército. O baiano André Rebouças, amigo íntimo da família Imperial, serviu como engenheiro militar durante a Guerra. Além de suas realizações como engenheiro, destacou-se como um abolicionista fervoroso. Ele usou sua influência e posição privilegiada na sociedade para advogar pela emancipação dos escravos. Na próxima matéria chegaremos à tão aguardada Abolição da Escravatura em 1888. Não percam! Fontes: Arquivo Nacional, IPHAN e UFBA. André Conrado - colunista da Revista do Villa Cidadão do mundo, carioca de nascimento e atualmente residindo em Salvador/Bahia; profissional de múltiplas habilidades. Hoteleiro de formação, com pós-graduação em Gestão de Turismo, estudou em Boston/USA. Apaixonado por artes, história e viagens, é apreciador de relíquias mundo afora. Com gosto e senso de humor apurado, busca incessante conhecimento em diversas Áreas e Gestão em Hospitalidade. Em sua coluna “ Relíquias da História “ na Revista do Villa, irá levar ao leitor uma verdadeira viagem pela história e o conhecimento.
- Sociedade Baiana no Século XIX – Parte 1
No início do século 19, a Bahia era a capitania mais rica do Brasil e Salvador, com mais de 70 mil habitantes , era a maior cidade. A capital baiana era também a capital eclesiástica do Brasil (até 1892). Após a chegada do Príncipe Regente Dom João no Brasil, a Bahia recebeu muitos imigrantes britânicos, alemães, suíços, irlandeses, italianos e outros. A abertura dos portos tornou Salvador um dos mais importantes portos do mundo, o maior do Hemisfério Sul. História da Bahia no século 19, em cronologia: 1808 - Em 23 de janeiro, o Príncipe Regente D. João chegou na Bahia. Por mais de um mês, Salvador foi a sede da Corte Portuguesa. Aqui começaram a ser tomadas as medidas que dariam ao Brasil o mesmo status de Portugal, em 1815: Reino. Em 28 de janeiro, o Príncipe assinou a Carta Régia de Abertura dos Portos do Brasil às nações amigas. Em 18 de fevereiro, criou a Escola de Cirurgia da Bahia , o primeiro curso superior para profissionais liberais no Brasil. Ainda, em Salvador, D. João autorizou a construção da Real Fábrica de Vidros da Bahia, pondo fim à proibição de indústrias no Brasil, desde 1785. Após 35 dias de sua chegada, D. João seguiu para o Rio de Janeiro. 1811 - Em maio, começou a circular a Idade d'Ouro do Brazil . Fundada na Bahia, foi a primeira gazeta de propriedade privada, publicada no Brasil. Durou até 1823. 1812 - Inaugurou-se o Theatro São João , a primeira grande casa de espetáculos do Brasil. Foi destruído em 1923. 1820 - Um decreto real de 8 de julho devolveu a autonomia de Sergipe, desmembrado da Bahia. Em agosto, em Portugal, eclodiu a Revolução Liberal do Porto , que se espalhou pelo País, nos meses seguintes. Em essência, os portugueses buscavam uma monarquia constitucional parlamentar, com o Rei em Portugal, como uma figura quase alegórica. 1822 - Em 25 de junho, os baianos venceram os portugueses em Cachoeira. Em Sete de Setembro, o Príncipe Dom Pedro rompeu com Portugal e lançou seu grito de guerra: Independência ou Morte! 1824 - Em 25 de março, o Imperador D. Pedro I outorgou a primeira constituição do Brasil independente. 1831 - A Ilha de Itaparica foi desmembrada de Salvador, formando a Vila de Itaparica, pelo Decreto Imperial de 25 de outubro. 1832 - Charles Darwin chegou em Salvador na expedição do “Beagle”. A relação de Darwin com a Bahia foi de pura paixão. O Beagle retornou à Bahia outras duas vezes. 1835 - Revolta dos Malês. Em janeiro, africanos de religião muçulmana revoltaram-se em Salvador. Os principais objetivos da revolta eram: Acabar com a escravidão, acabar com a imposição do catolicismo e fundar uma república islâmica no nordeste do Brasil. A revolta teve as seguintes características: A maioria dos participantes era de origem nagô e “haussá”; os líderes da revolta eram muçulmanos, como Manuel Calafate, Aprígio e Pai Inácio; os escravos, que trabalhavam no comércio urbano, tinham mais liberdade de movimento e puderam se organizar; os líderes criaram estratégias de comunicação, como panfletos em árabe; 0s escravizados usavam roupas islâmicas e amuletos com passagens do Alcorão para se protegerem; a revolta foi contida pela polícia baiana em menos de 24 horas; as punições foram rigorosas, com prisões, degredos, açoitamentos e condenações à morte . 1837 - Sabinada. Um levante militar no Forte de São Pedro, que buscava a independência da Bahia. Foi sufocada no ano seguinte. Alguns revolucionários foram transferidos para outras províncias. Em agosto, Bento Gonçalves, líder da Revolução Farroupilha , foi aprisionado no Forte São Marcelo. Escapou, em 10 de setembro, pela ação da Maçonaria baiana. Em 1839, revolucionários baianos lideraram um levante na Fortaleza de Araçatuba , em Santa Catarina, e aderiram à Revolução Farroupilha. 1844 - Teve início a indústria têxtil, em Valença, com a Fábrica Todos os Santos. Em 1852, Valença produzia quase um terço da produção nacional. Em Salvador, funcionava, desde 1840, a fábrica de tecidos de Santo Antônio do Queimado . 1855 - O Brasil foi assolado por uma epidemia de cólera, que se seguiu pelo ano seguinte. Atingiu também outros países americanos e europeus. Na Bahia, vitimou mais de um quarto da população, principalmente escravos. Em Salvador, foi fatal para 3 a 5 pessoas por dia, mas em Santo Amaro, por exemplo, eram cerca de 10 mortes diárias. 1858 - Em 18 de julho, foi fundado o Banco da Bahia, com poder de emitir papel-moeda. Iniciou-se a construção da Estrada de Ferro da Bahia ao São Francisco (significando Salvador a Juazeiro), com a instalação do canteiro de obras. Foi inicialmente construída pelos britânicos. A primeira seção foi inaugurada em 28 de junho de 1860, entre Jequitaia e Aratu. Em 1863, chegou em Alagoinhas. O trecho final, até Juazeiro, foi construído pelo engenheiro baiano Miguel de Teive e Argollo . Na próxima matéria continuaremos a cronologia da História da Bahia no Século XIX. Não percam! Fontes: Arquivo Nacional Universidade Federal da Bahia IPHAN André Conrado - colunista da Revista do Villa Cidadão do mundo, carioca de nascimento e atualmente residindo em Salvador/Bahia; profissional de múltiplas habilidades. Hoteleiro de formação, com pós-graduação em Gestão de Turismo, estudou em Boston/USA. Apaixonado por artes, história e viagens, é apreciador de relíquias mundo afora. Com gosto e senso de humor apurado, busca incessante conhecimento em diversas Áreas e Gestão em Hospitalidade. Em sua coluna “ Relíquias da História “ na Revista do Villa, irá levar ao leitor uma verdadeira viagem pela história e o conhecimento.
- Bahia no Século XX
A Bahia entrou no século 20 com elevado conceito no Brasil e no exterior. Era um dos principais produtores do País na área têxtil, com indústrias no Recôncavo Baiano e em Valença. Grande produtor de cacau, algodão e diamantes. Exportava os famosos charutos Suerdieck para a Europa e as ferrovias estavam em franca expansão, projeto continuado do Império. No início do século XX, a Bahia participou do programa de construção da República, que foi iniciado pelas reformas de Pereira Passos no Rio de Janeiro. As elites soteropolitanas consideravam necessário modernizar o centro de Salvador, que ainda era caracterizado pelo urbanismo colonial. Salvador, chamada de Atenas Brasileira, foi remodelada com grandes avenidas, belos edifícios e um novo porto. Mas o século 20 marcou o declínio econômico da Bahia, iniciado nas últimas décadas do século 19 . Cem anos antes, era a mais rica entre todas as províncias do Brasil. Continuou a receber imigrantes asiáticos e europeus, mas sem causar a mesma importância econômica como no século 19. No início do século XX, a Bahia exportava principalmente açúcar, café, fumo, cacau e algodão. O açúcar era o principal produto de exportação, mas foi substituído pelo café, fumo e cacau. A Bahia também foi pioneira na graduação em algumas áreas de conhecimento, como Dança, Teatro, Música, Produção Cultural e Políticas e Gestão da Cultura. História da Bahia no século 20, em cronologia: 1902 - Manuel Pedro dos Santos, o Bahiano, fez a primeira gravação musical, no Brasil, com Isto é Bom, de Xisto Bahia. 1905 - A fábrica de charutos Suerdieck foi construída em Maragogipe, por alemães. Tornou-se uma marca famosa e os charutos eram exportados para a Europa. Posteriormente, outras fábricas e armazéns da Suerdieck foram construídos em outras cidades do Recôncavo. O aproveitamento do fumo existiu na Bahia desde o século 17. Até as primeiras décadas do século 20, a Bahia era um grande produtor de tabaco e seus derivados. 1907 - Ruy Barbosa destacou-se como o Águia de Haia na Conferência de Paz na Holanda. 1908 - O médico baiano Pirajá da Silva descobriu o agente patogênico da esquistossomose, trabalhando no antigo Instituto Clínico do Hospital Santa Izabel. 1912 - Bombardeio de Salvador , uma ação militar truculenta do Presidente da República, adversário de Ruy Barbosa, que resultou em mortes, destruição de prédios históricos como o antigo Palácio Rio Branco e perda de imenso acervo cultural da Biblioteca Pública. 1916 - Promulgado o Código Civil Brasileiro. Sua elaboração resultou na famosa batalha gramatical entre os baianos Ruy Barbosa e Carneiro Ribeiro , com publicação das obras Réplica e Tréplica. 1919 - Levante Sertanejo. Coronéis do interior da Bahia, especialmente no Sudoeste baiano, lideraram um levante armado contra restrições promovidas pelo Governo da Bahia, visando reduzir a influência dos coronéis nos municípios. Em 1920, houve intervenção federal no Estado da Bahia, resultando em acordos com os coronéis e o fim do Levante. Limites do Estado da Bahia. De 1919 a 1926 foram firmados alguns acordos com os estados vizinhos, visando melhor definir os limites do território baiano. Minas Gerais, Piauí e Goiás, em 1919. Espírito Santo, em 1920/1926. Sergipe, em 1921. 1925 - A empresa francesa Compagnie Générale d'Entreprise Aéronautiques construiu um campo de pouso, em Lauro de Freitas, que se tornou o Aeroporto Internacional de Salvador , em 1941, com as ampliações devido à II Guerra Mundial. 1930 - O Governador da Bahia, Vital Soares, foi eleito Vice-Presidente da República, na chapa com Júlio Prestes, mas não tomou posse devido ao golpe de estado que depôs o Presidente Washington Luís, em 24 de outubro. Em 3 de novembro, Getúlio Vargas tomou o poder. A Bahia entrou na rota do Graf Zeppelin , que retornou algumas vezes com serviço de correio. Em 1936, o Hindenburg também passou pela Bahia. 1931 - Em 14 de abril, o Príncipe de Gales desembarcou na Bahia e foi recebido por uma multidão. Um banquete foi oferecido pelos baianos e pela considerável comunidade britânica residente. 1938 - O Bando de Lampião foi capturado pela polícia baiana, em Angico, Sergipe. Lampião e seu bando entrou pela primeira vez na Bahia em 1928. 1939 - Em janeiro, o primeiro poço de petróleo do Brasil jorrou em Lobato, subúrbio de Salvador. 1942 - O Brasil entrou na Segunda Guerra Mundial. Centenas de baianos foram enviados, muitos perderam a vida. 1946 - Foi criada a Universidade da Bahia pelo Decreto-Lei Nº 9.155, de 8 de abril, incorporando a Faculdade de Medicina, Odontologia, Farmácia, Faculdade de Direito, Escola Politécnica, Faculdade de Filosofia e Faculdade de Ciências Econômicas. Em 1950, tornou-se Universidade Federal da Bahia, com ampliação de cursos. As raízes da UFBA remontam à fundação da Faculdade de Medicina, em 1808, a primeira do País. Na próxima matéria seguiremos a cronologia Baiana até o fim do século XX. Não percam! Fontes: Arquivo Nacional IPHAN Universidade Federal da Bahia André Conrado Cidadão do mundo, carioca de nascimento e atualmente residindo em Salvador/Bahia; profissional de múltiplas habilidades. Hoteleiro de formação, com pós-graduação em Gestão de Turismo, estudou em Boston/USA. Apaixonado por artes, história e viagens, é apreciador de relíquias mundo afora. Com gosto e senso de humor apurado, busca incessante conhecimento em diversas Áreas e Gestão em Hospitalidade. Em sua coluna “ Relíquias da História “ na Revista do Villa, irá levar ao leitor uma verdadeira viagem pela história e o conhecimento.
- Bahia no Século XX – Parte 2
A Bahia passou por um grande desenvolvimento a partir dos anos 50, principalmente na economia e na cultura: Economia O processo de industrialização da Bahia começou com a implantação da Refinaria de Mataripe, na década de 50, que aproveitou a disponibilidade de petróleo no estado. As políticas públicas de incentivo à industrialização da Região Metropolitana de Salvador (RMS) provocaram um grande salto no desenvolvimento econômico da região. Cultura A Bahia foi pioneira na graduação em algumas áreas de conhecimento, como Dança, Teatro, Música, Produção Cultural e Políticas e Gestão da Cultura. Na década de 50, Edgar Santos criou a Escola de Teatro, os Seminários de Música, e a Escola de Dança, primeira do nível superior. A Escola de Belas-Artes também ganhou novos ares, com a restauração do acervo da pintura colonial baiana. Música A história da música baiana é marcada por uma série de acontecimentos, como a influência africana, a criação de associações musicais e o surgimento de novos gêneros musicais. Influência africana A Bahia é um estado com uma rica cultura, fortemente influenciada pela África, Europa e índios. Essa influência é evidente na música, nas danças, na gastronomia, nos costumes e na religiosidade. Associações musicais A partir da metade do século XIX, várias associações musicais foram criadas na capital e no Recôncavo. Essas associações eram formadas por homens negros livres ou libertos, e além de praticar música, também debatiam questões políticas. Surgimento de novos gêneros musicais A Bahia é a origem de vários gêneros musicais, como o ijexá, a chula, o samba-reggae, o axé, o pagode e o arrocha. História de artistas baianos Muitos artistas baianos, como Gal Costa, Maria Bethânia, Caetano Veloso e Gilberto Gil, trouxeram as influências da Bahia para a MPB. História de músicos de rua A história da música baiana também é marcada pelo movimento migratório de artistas que tiveram que sair da Bahia para fazer sucesso no Sul e só depois serem reconhecidos em sua terra natal. Na Bahia, em particular, o período delimitado pelas décadas de 1950 e 1980 marca a transição de uma economia predominantemente agrário-exportadora que vinha apresentando um desempenho inferior à média nacional para uma economia industrializada e concentrada na produção de commodities intermediárias. Salvador, capital da Bahia, passou por transformações significativas na segunda metade do século XX, especialmente no que diz respeito à urbanização, à segregação social e à “periferização”. Expansão horizontal A partir dos anos 50, a cidade começou a se expandir horizontalmente, o que contribuiu para a segregação urbana. Mudanças no transporte Na década de 60, o sistema de transporte de Salvador foi alterado, o que contribuiu para as mudanças na cidade. Escritório do Plano de Urbanismo da Cidade de Salvador (EPUCS) Em 1943, foi criado o EPUCS, que iniciou o trabalho de planejamento urbano da cidade. O EPUCS propôs um plano de urbanismo que rompia com a tradição médico-sanitarista do século XIX, e que considerava a cidade como um todo, não apenas como um local para resolver problemas imediatos. Metropolização e Cronologia da Bahia a partir dos anos 50: A partir de meados do século XX, Salvador passou por um processo de metropolização. 1950 - Fundado o Centro Educacional Carneiro Ribeiro ou Escola Parque, em Salvador. Uma concepção pioneira de estudo integrado feita pelo educador baiano Anísio Teixeira. O modelo baiano inspirou a criação de escolas integradas em São Paulo, Rio de Janeiro e outros estados. Em setembro, foi inaugurada a Refinaria Landulpho Alves, em Mataripe, município de São Francisco do Conde. Foi a primeira refinaria de petróleo do Brasil. 1961 - A Universidade Católica do Salvador foi reconhecida. 1966 - Em 11 de abril, foi inaugurado o Centro Industrial de Aratu, no município de Simões Filho. O Porto de Aratu foi inaugurado em 1975. 1968 - Em 3 de novembro, a Rainha Elizabeth II e o Duque de Edimburgo visitaram Salvador e desfilaram em carro aberto pelo Centro Histórico. 1978 - Inaugurado o Polo Petroquímico de Camaçari. Posteriormente passou a abrigar indústrias de outros segmentos, como a automobilística, e passou a se chamar Polo Industrial de Camaçari. 1980 - Fundada a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. 1989 - Foi promulgada a atual Constituição do Estado da Bahia. 1991 - Fundada a Universidade Estadual de Santa Cruz (Ilhéus). 1992 - Em 13 de março, faleceu Irmã Dulce , beatificada em 2011. 1994 - O cientista baiano Milton Santos (1926 - 2001) recebeu o prêmio Vautrin Lud, considerado o "Nobel" da Geografia, por seus trabalhos em ciências sociais. Na próxima matéria falaremos do desenvolvimento turístico na Bahia no século XX. Não percam! Fontes : Arquivo Nacional IPHAN Universidade Federal da Bahia André Conrado Cidadão do mundo, carioca de nascimento e atualmente residindo em Salvador/Bahia; profissional de múltiplas habilidades. Hoteleiro de formação, com pós-graduação em Gestão de Turismo, estudou em Boston/USA. Apaixonado por artes, história e viagens, é apreciador de relíquias mundo afora. Com gosto e senso de humor apurado, busca incessante conhecimento em diversas Áreas e Gestão em Hospitalidade. Em sua coluna “ Relíquias da História “ na Revista do Villa, irá levar ao leitor uma verdadeira viagem pela história e o conhecimento.
- O Florescer do Turismo na Bahia
O turismo, uma das principais atividades econômicas da atualidade, floresceu na Bahia, Terra Mater do Brasil, de forma pouco estruturada, aproveitando-se da diversidade dos seus atrativos. Contando com uma costa litorânea de 1.110 quilômetros, o maior do país, sítios histórico-coloniais, amplas belezas naturais e ricos bens culturais, a Bahia, antes mesmos de contar com algum aparato institucional de promoção do turismo, recebia visitantes regionais e também oriundos das mais diversas partes do mundo. Até os anos 1950, a iniciativa da Prefeitura Municipal do Salvador de implantar a pioneira Secção de Turismo da Diretoria do Arquivo e Divulgação, organismo de pequeno porte, direcionado ao apoio a eventos significativos do calendário de festas populares e fornecimento de informações sobre a cidade às poucas agências de viagem existentes, o turismo desenvolvido no estado pode ser caracterizado como eventual, pois recebia fluxos esporádicos. Entre os visitantes destacavam-se os frequentadores das estâncias hidrominerais existentes na Bahia – Itaparica, Olivença, Águas de Cipó e Caldas do Jorro –, em geral procedentes do entorno regional, sendo também identificados estrangeiros em visita à capital, ainda que de forma não habitual. Estes últimos chegavam em cruzeiros marítimos realizados em grandes transatlânticos. Hoje denominado turismo doméstico era praticamente desconhecido naquela década. Embora a Bahia – e, mais especificamente, Salvador – contasse à época com algum suporte privado mais estruturado para a atividade, como o Hotel Chile, edificado em princípios do século XX, que se vangloriava de ter a preferência de Ruy Barbosa, e o Palace Hotel, primeiro hotel de luxo da cidade, construído em 1934, o receptivo local, assim como o próprio turismo, apresentava um caráter amadorístico. Os navios que aportavam em Salvador traziam visitantes de países longínquos, como a Rússia, e personalidades ilustres, como o cineasta norte-americano Orson Wells e atores de Hollywood, os quais eram atendidos por um pequeno grupo de moradores da cidade, que, possuindo algum conhecimento do idioma inglês, mas, sobretudo, da história local, os esperavam no cais do porto e os guiavam por um tour histórico na cidade, com visitas ao Pelourinho, igrejas de São Francisco e do Bonfim, dentre outros pontos atrativos. Esse grupo era composto de alguns intelectuais baianos, como Cid Teixeira, Carlos Vasconcelos Maia e José da Mota e Silva. Gradualmente, o receptivo baiano inicia sua estruturação com o objetivo de atender ao fluxo eventual de turistas. As primeiras atividades receptivas no estado foram desenvolvidas pela Bahia Turismo, empresa criada em fins da década de 1940 e sediada no Centro Histórico de Salvador, na Rua do Taboão. De propriedade dos Tarquínio, família baiana tradicional, a gestão da Bahia Turismo ficou a cargo de Vera Wissing Andersen, dinamarquesa que chegara à Bahia procedente de Belém do Pará, durante a Segunda Guerra Mundial, acompanhando o seu marido, o engenheiro Niels Borge Wissing, contratado pela Panair para construir o aeroporto de Salvador. Dentre seus feitos, Vera Andersen conquistou o mercado norte-americano, passando a deter a representação da American Express, à época uma importante transportadora de passageiros dos Estados Unidos para a Bahia, por via marítima; recebeu um representante da Thomas Cook – maior agência de viagem em escala mundial no período –, demonstrando-lhe a capacidade local de oferecer atrativos que poderiam justificar a inserção de Salvador nos roteiros dos navios da companhia. Nesse período surgem os primeiros registros do turismo na Bahia, onde, apesar das iniciativas referidas, o caráter amadorístico permanece. A Secção de Turismo tinha um âmbito de atuação muito restrito. Inexistiam guias de turismo qualificados para a função de recepção; esta atividade quando não realizada por estudantes era exercida por senhoras da sociedade baiana, que dominavam idiomas estrangeiros. A hotelaria era pouco expressiva e o acesso à capital baiana dava-se, principalmente, por via marítima e, em menor escala, por aviões, e através das conexões da navegação flúvio-marítima (a vapor e a vela) com as ferrovias, que beneficiavam, sobretudo, as atividades comerciais. No turismo interno, o Touring Clube do Brasil, fundado em 1924, tendo como missão “Revelar o Brasil aos brasileiros”, através, dentre outras ações, do desenvolvimento do turismo interestadual, desde a década de 1930 passa a realizar cruzeiros turísticos entre as principais cidades brasileiras, observando, porém, a inadequação do cais do porto de Salvador para a atracação de transatlânticos. A falta de estrutura do turismo, entretanto, era de certa forma compensada pela atratividade da Bahia e, especialmente, de sua capital, frente ao restrito fluxo de visitantes, sobretudo o segmento internacional. Como relata o escritor Stefan Zweig, em sua visita ao Nordeste brasileiro em 1940, o verdadeiro encanto da Bahia residia no seu caráter genuíno, na convivência do “velho e novo, presente e passado, luxuoso e primitivo... emoldurando uma das mais tranquilas e aprazíveis paisagens do mundo” A Bahia de então era a dos jovens Dorival Caymmi e Jorge Amado, Pierre Verger e Carybé. A Bahia pitoresca que estava à espera de visitantes para a festa cotidiana; uma tipificação da tradicional Bahia, encarnada na cidade do Salvador, com seus candomblés, saveiros, “magros e feios arranha-céus modernos”, a feira de Água de Meninos, gastronomia típica, mistérios, folguedos populares, mas, também, pobreza e fome. A Bahia que encantou intelectuais e artistas que a adotaram como tema de suas obras, a exemplo do próprio Amado, com seus romances e já então consagrado com a música O que é que a baiana tem? (1939), na voz de Carmen Miranda. Na próxima matéria, falaremos das primeiras experiências baianas no planejamento turístico. Não percam! Fontes: BAHIA – Setur BAHIA TURISMO IPHAN Prodetur Nacional André Conrado Cidadão do mundo, carioca de nascimento e atualmente residindo em Salvador/Bahia; profissional de múltiplas habilidades. Hoteleiro de formação, com pós-graduação em Gestão de Turismo, estudou em Boston/USA. Apaixonado por artes, história e viagens, é apreciador de relíquias mundo afora. Com gosto e senso de humor apurado, busca incessante conhecimento em diversas Áreas e Gestão em Hospitalidade. Em sua coluna “ Relíquias da História “ na Revista do Villa, irá levar ao leitor uma verdadeira viagem pela história e o conhecimento.