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Claudia Abreu vem a Portugal apresentar espectáculo inspirado em Virginia Woolf


A reconhecida actriz brasileira traz finalmente a Portugal a sua primeira criação para palco. O poderoso monólogo, VIRGINIA, está em cena no Teatro Maria Matos nos dias 6, 7, 8 e 9 de Fevereiro.     


 

Cláudia Abreu apresenta o seu primeiro monólogo, idealizado e escrito pela própria a partir da vida e obra de Virginia Woolf. Em cena, a actriz interpreta a genial escritora inglesa, cuja trajectória foi marcada por tragédias pessoais e uma linha ténue entre a lucidez e a loucura. A estrutura do texto apoia-se no recurso mais característico da literatura da escritora: a alternância de fluxos de consciência, capaz de ‘dar corpo’ às vozes reais ou fictícias, sempre presentes na sua mente.  

 

A dramaturgia de “VIRGINIA” foi concebida como inventário íntimo da vida da autora. Nos seus últimos momentos, ela recorda acontecimentos marcantes da sua vida, a paixão pelo conhecimento, os momentos felizes com os amigos do grupo intelectual de Bloomsbury, além de revelar afectos, dores e o seu processo criativo. "VIRGINIA" é o resultado dos vários cruzamentos que a obra de Virginia Woolf efectuou com a trajectória de Cláudia Abreu. A vida e a obra da autora inglesa são os motores de criação deste espectáculo, fruto de um longo processo de pesquisa e experimentação que durou mais de cinco anos. 


O primeiro monólogo da carreira da actriz, marca ainda a sua estreia na dramaturgia e o regresso da parceria com Amir Haddad, que a encenou em ‘Noite de Reis’ (1997). Estreado em 2022 o espectáculo teve desde então duas temporadas em São Paulo e no Rio de Janeiro, tendo ainda passado por mais de 20 cidades brasileiras e registado mais de 40.500 espectadores.



A relação de Cláudia Abreu com Virginia Woolf começou em ‘Orlando’, encenação assinada por Bia Lessa, em 1989, aos 18 anos. Contudo, foi em 2016 que reencontrou e mergulhou profundamente de cabeça no universo da autora. Após ler e reler alguns livros, incluindo as memórias, biografias e diários, a vontade de escrever sobre Virginia falou mais alto.  "Eu me apaixonei por ela novamente. Fiquei fascinada ao perceber como uma pessoa conseguiu construir esta obra brilhante com tanto desequilíbrio, tragédias pessoais e problemas que teve na vida. Como ela conseguiu reunir os cacos?", questiona a actriz, que vê ‘VIRGINIA’ também como um marco de maturidade na sua trajetória: "O texto também vem deste desejo de fazer algo que me toca, do que me interessa falar hoje. De falar do ser humano, sobre o que fazemos com as dores da existência, sobre as incertezas na criação artística, também falar da condição da mulher ontem e hoje. Não poderia fazer uma personagem tão profunda sem a vivência pessoal e teatral que tenho hoje", declara Cláudia.

 

"Fazer um monólogo foi uma opção natural neste processo, pois todas as vozes estão dentro dela. Eu nunca quis estar sozinha, sempre gostei do jogo cénico com outros colegas, mas a personagem me impeliu para isso", analisa Cláudia, cujo processo de criação se desenvolveu a partir de uma série de improvisações que fez ao longo dos últimos anos, em especial durante a pandemia, já acompanhada por Amir Haddad. A chegada de Amir ao projecto veio ao encontro do desejo de Cláudia em encenar o seu próprio texto. "Ele tem como premissa a liberdade, permite que o actor seja o autor de sua escrita cénica, isso foi fundamental em todo o processo. O actor é um ser da oralidade, a maior parte do texto foi escrita a partir do que eu improvisava de maneira espontânea e depois organizava como dramaturgia", relata a actriz, que se aventurou na escrita pela primeira vez com o guião da série "Valentins", em 2017. Malu Valle, que assina a co-encenação do espectáculo, entrou no processo quando Amir se recuperava de covid e contribuiu em toda a etapa final de ‘VIRGINIA’. 


 

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