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Revista do Villa

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Entrevista: Thalma Bertozzi, talento e vocação para a escrita criativa


THALMA BERTOZZI é escritora, roteirista e dona da editora Magis. Com uma bela passagem pela televisão, a artista segue na criação de argumentos, sinopses e roteiros para o audiovisual, alguns deles ao lado da renomada novelista Solange Castro Neves. Seu último livro, INFINITAS FACES, a Construção do Ator, Roberto Cordovani”, tem direcionado muitos profissionais na área da dramaturgia. Confira a entrevista que Thalma concedeu à Revista do Villa.

 

Quando você descobriu que tinha talento para a escrita criativa?

 

Gosto de escrever desde menina. Tenho várias poesias e crônicas ainda inéditas. Entretanto, só descobri que realmente gostava desta arte, quando fui convidada a trabalhar com Solange Castro Neves nas novelas Marcas da Paixão e Roda da Vida. Comecei como pesquisadora de texto em 2000. Estamos nesta parceria há 24 anos.

 

Acredita que há algo além-corpo que guia um autor?

 

Querido... esta pergunta é extremamente importante. Terei de entrar em um campo aqui, um pouco fora da questão profissional. Mas gostaria de deixar claro que o meu relato aqui, é somente a minha opinião, o que não significa que seja a verdade, porque ninguém, nesta dimensão, a tem. É apenas a minha realidade.

 

Tudo o que consideramos fenômeno hoje, só o é por ser desconhecido para nós, neste plano. A telepatia faz parte de nossa evolução e já tive uma experiência física que prova isto. No futuro todos nós nos comunicaremos sem precisarmos falar com a boca. Falaremos com a mente.

 

Bem... quando estamos escrevendo, muitas vezes temos auxílio de roteiristas que hoje estão em outros espaços, mas ainda cumprindo seu trabalho. Tive várias vivências neste sentido e com informações que vieram para ratificar que o contato era verdadeiro. Portanto, acredito plenamente na existência dessa influência externa, que “alguém” pode sim nos auxiliar, mas creio que tudo de acordo com o nosso padrão vibratório. Atraímos o que emanamos.

 


Revisar obras também é um dom. Como é o trabalho de costurar frases e palavras sem perder a essência da escrita do autor?

 

Olha... uma vez, recebi uma mensagem que veio para ampliar minha consciência, fazendo com que chegasse a ser quem sou. Este Ser dizia que tudo o que eu fosse passar de informação, para quaisquer pessoas, teria que fazê-lo de forma tal que aquele que fosse ler ou ouvir, ou seja, receber a informação, conseguisse entender claramente o que eu estava tentando passar.


Portanto, aprendi com isso que a mensagem só é realmente transmitida quando recebida, decodificada e entendida em sua essência. O que é extremamente necessário é compreender o que está por trás das palavras do autor, quem e como ele é, descortinar a sua essência, para que possamos fazer as correções necessárias, mas conservando o estilo de quem criou o texto.

 

 

Sua passagem pela televisão colaborando em novelas é memorável. Dentre os folhetins, há um de enorme sucesso e do qual você já mencionou aqui, que é “Marcas da Paixão”, escrita pela Solange Castro Neves. Conta pra gente: como é o dia a dia nessa rotina?


Olha... quando trabalhamos em “Marcas da Paixão”, estávamos dando início à dramaturgia da Record. Tudo era muito precário. A novela aconteceu dentro da fazenda da Solange que, gentilmente cedeu o local para as gravações. Se havia uma cena em algum restaurante, éramos nós que fazíamos o contato.


Foi um verdadeiro desafio, mas não posso negar... muito excitante. Na maior parte das vezes, o pessoal estava chegando para as gravações e nós ainda estávamos trabalhando, desde a noite anterior, nas cenas.  Isso aconteceu várias vezes. Começávamos mais ou menos umas duas da tarde, e parávamos umas seis da manhã. Foi aí que entendi o que queria dizer “dormir acordado”.

 


Dentre escrever literatura, revisar e colaborar em produtos audiovisuais, qual é o mais difícil em sua opinião?

 

De tudo que já fiz em relação à escrita, para mim, o mais difícil é escrever uma novela, um folhetim. Há um preconceito muito grande em relação a isto porque alguns profissionais desta área acreditam que a novela é um produto menos “Cult”. Eu, pessoalmente, garanto que quem escreve novela, faz sem problemas um longa, uma peça de teatro, uma série, mas quem faz um longa, certamente terá dificuldades para escrever uma novela. É muito mais difícil.


E não é uma questão somente de carpintaria, mas temos de ter controle do destino de, muitas vezes, mais de quarenta personagens e, no mínimo, cinco núcleos diferentes que terão, necessariamente, que se interligarem. É como se fosse um treino para sermos “deuses”. A gente tem que conduzir a vida de 40 a 60 personagens, e isto não é fácil.

 

Uma vez, nunca me esqueço, havia uma cena em “Marcas da Paixão”, em que o cavalo do Carlos Casagrande, que era um dos protagonistas, quebrou uma perna e ele, seu dono, teria de sacrificar o animal. Fiquei muito mal com isso. Queria que a Solange desse outro destino ao bicho, mas não foi possível. Fiz a cena debulhando em lágrimas.

 

 

Thalma Bertozzi e Solange Castro Neves - lançamento do seu livro INFINITAS FACES, a Construção do Ator, Roberto Cordovani

Hoje você também é dona de uma editora, realizando o sonho de muitos autores. O que te fez seguir esse caminho?

 

Bem... sou publicitária de formação, com ênfase em administração mercadológica, mas ao longo de minha jornada, acabei me profissionalizando como atriz e também escritora. São áreas muito difíceis e na maior parte das vezes, atuamos por amor à arte. Quando, porém, não estamos na mídia, temos de nos virar. Assim, eu comecei a prestar serviços de revisora de texto para editoras. Em 2018 decidi, aconselhada por uma amiga, a abrir uma empresa com o intuito de contar tempo de aposentadoria. Durante a pandemia, porém, a vontade das pessoas de escreverem livros foi muito grande e a procura intensificou. Comecei a editar várias obras e não parei até hoje.

  

Sessão de autógrafos do seu livro INFINITAS FACES, a Construção do Ator, Roberto Cordovani

Como é a resposta do autor quando o mesmo pega em mãos o livro idealizado e impresso pela sua editora?

 

Nossa... querido... fico sempre muito alegre, porque é como se fosse o nascimento de uma criança. O autor fica tão radiante que não cabe em si. E eu, como editora, também. Não há nada tão gratificante quanto ver a expressão do autor ao receber sua obra publicada. É uma bênção.

 

 

Dizem que o Brasil é um país onde poucas pessoas leem. O que você acha disso?

 

Penso que é uma fase. Hoje, muitas livrarias estão fechando. Quando estive em São Luiz, não poderia imaginar que o mesmo que acontecia lá, passaria a ocorrer aqui também... ou seja, várias livrarias fecharem. A tecnologia é imprescindível e eu a amo, mas se não tivéssemos algo tangível, ao longo dos tempos, nossa história teria se perdido. O ser humano só sabe de si porque algo ficou escrito, transcendendo os tempos. Vou ainda lançar uma campanha a favor do livro impresso.

 

 

Quais são seus projetos para o futuro?

 

Como roteirista, tenho alguns projetos para teatro, série e novela, em fase de negociação e produção.  Como editora, alguns que visam o esclarecimento social sobre vários assuntos, como por exemplo, as leis da vida dentro da filosofia hermética, o abuso infantil, rompendo os limites do corpo na recuperação do AVC, a cura pelo amor, enfim... todos como uma forma de auxiliar a humanidade, neste momento tão difícil que estamos vivenciando aqui no planeta.

 


O que você diz para quem deseja escrever literatura ou roteiros para cinema e TV?

 

Só posso dizer que é maravilhoso. Um universo fascinante que só quem ama o ser humano consegue adentrar. É preciso garra, determinação, observação, uma imaginação criativa e muita vontade, mas é um espaço onde a fantasia se mistura à realidade e que nos faz perceber que podemos o que realmente queremos, até mudar o mundo em que vivemos, de acordo com o nosso ideal, desde que comecemos por nós mesmos. Implica em muita responsabilidade. É preciso muito amor.


Lançamento do seu livro INFINITAS FACES, a Construção do Ator, Roberto Cordovani

Gratidão infinita pela oportunidade.

Beijo a todos!

 

Para quem deseja conhecer mais sobre a editora Magis, acesse: https://www.editoramagis.com.br/ 

  

 

Xandy Novaski


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