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Revista do Villa

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Entrevista: Gabriel Spelta, múltiplos talentos nos palcos


Gabriel Spelta é ator, produtor, escritor e diretor. Dividindo-se entre as múltiplas tarefas nos palcos cariocas, ele está a frente do espetáculo “Sádico”, que tem feito enorme sucesso no Rio.


Confira a entrevista que o artista concedeu à Revista do Villa, contando um pouco sobre sua trajetória e dando ótimas dicas para quem deseja ingressar no universo dos espetáculos, principalmente os musicais!

 


Sua trajetória nas artes cênicas começa aos 8 anos na Cia de Teatro Musical Marcello Caridade e depois no curso do lendário Tablado. Porém, além de atuar, você produz, dirige e escreve. Como é vivenciar esse mix de tarefas na arte de interpretar?


Eu acredito que para o trabalho do artista é preciso abraçar todos os primos na arte, pois estamos sempre na logística de trabalho e desemprego. Por isso esse mix de produzir, atuar, escrever, dirigir… é preciso estar preparado para todas as oportunidades.

 

Você adaptou a obra Romeu e Julieta na instituição Salesiano. Roteirizar Shakespeare num novo molde foi complicado?


Eu era muito jovem e sempre fui muito ligado à música por estudar piano desde muito novo. Não sabia ainda a fundo o gênero “teatro musical”, mas já pensava de forma musical tudo que consumia. Juntei uns amigos que estudavam comigo e montei de forma muito imatura um clássico numa versão resumida com músicas. Hoje vejo que esses momentos e processos são importantes para aprendizado, desenvolvimento de ousadia e confiança.

 

Como produtor, você montou textos conhecidos, como o “Ópera do Malandro”. Produzir um musical dá mais trabalho? Por quê?


Musical é um gênero espetacular, pois reúne o canto, a interpretação e a dança… o mais importante é contar a história pro público, e quando tem a dança e o canto é muito fácil pra tirar o foco da história. Acredito que essa seja a maior dificuldade, casar as 3 áreas e deixar a história nítida e destacada no meio de tanta alegoria.

 

A peça “Sádico” conta não só com a sua assinatura no roteiro, mas também na direção. Quais são as vantagens nessa construção conjunta, ou seja, escrever e dirigir o mesmo espetáculo?


É incrível, pois os atores conseguem tirar dúvidas do texto diretamente comigo. Eu tive uma assessoria filosófica da Cidah Duarte, pois foi e é um texto muito complexo em ser trabalhado. Ao escrever e dirigir, eu consigo ver o que funciona e o que preciso adaptar.

 

Vem cá: entre escrever, produzir e dirigir, você tem alguma preferência? Qual e por quê?


Cada vez me encontro mais na direção. Para dirigir é preciso abraçar um grupo de pessoas “atores” e entender o temperamento de cada um, o que cada um tem pra me oferecer e começar a cuidar da pluralidade de todas as ideias que vão surgindo. É um processo lindo, rico em referências de bagagens culturais e de vida de um coletivo para virar um denominador em comum.

 

Um novo espetáculo enumerado pela sua escrita criativa e direção acaba de estrear no Rio. Conte-nos um pouco sobre a obra e o processo de produção!


A peça fala de um grupo da nossa sociedade que resiste a todas as crises que o mundo passa, as mulheres de classe média alta. Elas sobreviveram à crise de 1929 mantendo sua figura de mulher, mãe e esposa. Essa classe de mulheres é vista, muitas das vezes, como fúteis por não ter ocupação, ou então pensamento crítico ou político. A história em particular narra quando uma mulher cogita a possibilidade de ter engolido a aliança, fazendo com que essa joia (que representa a vida externa dela) encontre seu próprio mundo interno. São mulheres eróticas que vão ao encontro do ‘eu’ sádico que todos nós temos.

 

Como você já havia mencionado, a peça conta com a consultoria filosófica de Cidah Duarte. Qual é a importância de ter uma consultoria na construção de um texto ou produção, seja na área da filosofia ou até mesmo histórica?


A consultora foi de extrema importância tanto para o feedback segundo todos os filósofos que são explorados no texto, mas principalmente para os atores entenderem o caminho que vão percorrer.

 

Uma curiosidade: o trabalho de diretor acaba quando um espetáculo estreia?


Eu sou um diretor novo ainda, estou presente em todas as sessões, fazendo anotações, pontuando os atores depois… é como se fosse um pai vigiando escondido o filho na festa pra ver se está se comportando.

 

Já tem novos projetos para um futuro próximo?


Tenho! Estou escrevendo um novo texto dentro do gênero ‘teatro do absurdo’ e traduzindo um outro. Porém, “Sádico” vai rolar muito ainda… Nossa primeira temporada foi um sucesso com casa lotada em todas as sessões, vai ter a segunda agora no mês de maio e temos agenda a em negociação para até o fim do segundo semestre.

 

Qual é a dica que você deixa para aquela pessoa que, assim como você, tem múltiplos talentos na arte e esteja iniciando na carreira?


Eu fico muito contente ao receber mensagens de pessoas que foram assistir e despertaram interesse no meio artístico. É um reconhecimento muito gratificante porque é muito difícil levantar tudo isso, muita dedicação, esforço, abdicar de muitas coisas. Eu sugiro sempre muito estudo sobretudo, o artista precisa saber o máximo que conseguir.

Precisa consumir arte e se desprender do luxo e ego que é visto no palco. No geral é muito gratificante entrar no teatro e ver que aquele espaço é uma comunhão realizada há anos.


ELENCO DO ESPETÁCULO SÁDICO

Crédito das fotos: @fotografia.sancho

 

Xandy Novaski


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