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Revista do Villa

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Entrevista com a Poeta Carmen Vervloet

Carmen Vervloet é natural de Santa Teresa (ES). Poeta autodidata, costuma expressar suas emoções e desejos mais profundos através da escrita. Porém, Carmen não se restringe a falar só de si mesma, mas dirige seu olhar para os problemas sociais existentes, buscando enfatizar a importância da paz mundial. Publicou o livro De Mulher Para Mulher - Obrigatório para os Homens e contribui em diversas antologias poéticas do Brasil, compartilhando seus escritos nas redes sociais.



 

ORIGEM

 

Sou de lá

onde as montanhas circundam a cidade

e as matas se pintam em cor...

Sou de lá

onde os pássaros revoam por cima de tudo

e seus gorjeios são sinfonias para qualquer ouvido...

Sou de lá

onde o luar revela o brilho do sonho

e o sonho se multiplica entre as infinitas estrelas...

Sou de lá

onde as rosas desabrocham em poemas

e a terra do coração é fértil em amor...

Sou de lá

onde a comida tem cheiro e sabor de infância

e faz renascer a menina feliz por um instante...

Sou de lá

onde soa o sino da igreja matriz

anunciando que Deus está presente...

Sou de lá

daquela terra santa, de céu azul turquesa,

sou da minha nobre e bucólica Santa Teresa.

 

 

1 – Em sua visão, quem é Carmem Vervloet

Carmen Vervloet, uma jovem senhora de 81 anos, com olhos atentos para o momento, sensível, destemida, arrojada, feliz e que continua sonhando e que vê seus sonhos se realizarem um por um, pois em tudo que faz coloca amor e paixão. Uma mulher que preza o respeito e a liberdade.

 

2 - Como iniciou a sua trajetória pela poesia?

Comecei a escrever na adolescência incentivada por minha professora de Português. Nesta época, com doze anos de idade, escrevi meu primeiro poema que se intitulou “O Câncer”, uma homenagem a minha tia e madrinha que havia falecido desta doença. E daí em diante nunca mais parei, pois fiquei perdidamente apaixonada pela poesia.

 

3 - Muitos dos seus poemas possuem uma abordagem romântica e alegre. Além disso, quais outros temas te inspiram a escrever?

Gosto de escrever sobre tudo que me traz o cotidiano, onde a emoção toca, nasce poesia. A preservação do meio ambiente é um assunto que sempre me atrai, além das mazelas do nosso povo tão sofrido, quando gosto de questionar nossos governantes. Atualmente tenho escrito muito sobre o anseio de todos pela paz mundial.

 

4 - Você nasceu em Santa Teresa (ES), uma cidade riquíssima em cultura, história, belezas naturais e costumes populares. Sua terra natal te inspira de alguma forma? Como?

Sim, nasci na bucólica e histórica Santa Teresa. Cresci entre verdes matas, flores multicoloridas e bailarinos colibris e com certeza nunca me afastei de minhas raízes, embora tenha saído de minha terra natal aos onze anos de idade para vir estudar na capital, nossa pequenina ilha de Vitória, (ES), cidade que me adotou com todo o amor e carinho. Ambas as cidades me inspiram, uma com o seu bucolismo, com sua cultura italiana preservada, outra com seu mar tranquilo onde barquinhos navegaram tantos sonhos por mim realizados. Em Vitória vivi toda minha juventude, estudei, trabalhei, casei-me, constituí família e onde vivo até hoje.

Tive a felicidade de ter passado minha infância subindo em pés de jabuticaba, correndo entre canteiros de flores, cercada de muito afeto e amigos em Santa Teresa e depois vivido minha juventude nesta ilha linda onde desabrochei para a vida e plantei sementes.

 

POESIA

 

Desde sempre guardada nas minhas entranhas

Como um gorjeio sutil de pássaro nas madrugadas

Vem das nuvens dos céus por trás das montanhas

Meu destino coberto por suas coloridas pinceladas.

 

Em seus versos delicados eu me entrego totalmente

Há um ritmo divino em seus amorosos compassos

Encontro partículas de Deus em suas sementes

E definitivamente enleada caio em seus braços.

 

Liberto em seus fonemas os sentimentos represados

Como pétalas de flor feitas de sedas e fragilidades

Revelo ao mundo meus segredos mais guardados

Semeando em solo fértil a humana realidade.

 

Porque não sou eu que escrevo e sim o coração

E ele pela poesia transborda toda sua infinda emoção

O amor que tem pela vida e tudo que ela oferece

E escreve como se estivesse fazendo à Deus uma prece.

 

5 – Para se escrever bem, é necessário ler bem também. Partindo disso, quais autores você mais gosta de ler? Algum deles influenciou na sua escrita?

Gosto muito de ler e sempre tenho uma pilha de novos livros à minha espera. Leio autores de muitas nacionalidades diferentes, dos portugueses amo Florbela Espanca, Fernando Pessoa, Maria Teresa Horta, José Saramago, Eça de Queiroz e muitos outros. Creio que sempre sofremos influências de todos os autores lidos, cada um com sua peculiaridade. Cada leitura é a abertura de um novo horizonte sob a ótica daquele autor com a qual podemos ou não concordar, mas não me vejo influenciada por nenhum em especial.

 

6 - Você já lançou o livro De Mulher para Mulher - Obrigatório para os Homens e participou de algumas antologias poéticas. Fale-nos um pouco sobre suas obras. Pretende publicar um novo livro?

Sim, participei de muitas antologias em vários Estados brasileiros, na maioria das vezes com poemas selecionados em concursos ou convidada pelos organizadores daquelas antologias. Quanto ao meu livro De Mulher para Mulher – Obrigatório para os Homens, é um livro que fala do universo feminino, da mulher e seus amores, suas decepções, da mulher mãe, avó, amiga, companheira, da mulher e seu cotidiano e seu olhar sobre a vida, sobre o mundo. Por isto coloquei o subtítulo Obrigatório para os Homens, para que chamasse a atenção deles sobre este universo tão rico e subjetivo.

Já estou, sim, selecionando poemas para um próximo livro, ainda sem data para ficar pronto.

 

7 – Eu soube que você viajou para alguns países da Europa. Conte-nos como foi essa experiencia.

Gosto muito de viajar, afinal sou uma sagitariana sempre com a mala na mão, tenho conhecido muitos países da Europa e das Américas. Não conheço nada do Oriente, mas ainda pretendo conhecer, se Deus me permitir. Nesta última viagem fui apenas a Portugal e à Itália, dois países onde respiramos história, cultura, dois museus a céu aberto.

Quando viajo gosto de conhecer os lugares frequentados por seus habitantes, ver de perto como aquele povo vive, gosto de conhecer os museus, as igrejas, os restaurantes, suas praças, seus locais de diversão, caminhar pelas ruas, descobrir os anseios de cada povo. E posso garantir que esta minha última viagem cumpriu todas as minhas expectativas, foi realmente muito proveitosa e gratificante.

 

8 - Infelizmente, a leitura de poesia não faz parte do cotidiano de muitas pessoas. Na sua opinião, como poderíamos incentivar (não só a poesia, mas por outros gêneros literários) esse gosto pela leitura?

Creio que tudo na vida passa pela educação e se os pais, as escolas e os ativistas culturais não cumprirem este papel, incentivando desde os primeiros anos nossas crianças, nada de diferente vai acontecer, o que é muito triste, já que a internet oferece tantas outras possibilidades de distração, que a leitura sempre fica para segundo plano ou nem existe. Também os governos têm que cumprir sua parte oferecendo oportunidades para todos.

Agradeço a você a oportunidade desta entrevista e o parabenizo por estar divulgando a poesia sempre tão esquecida.

 

 

UM GRITO POR PAZ

 

Amplas ruas, altos muros, tristes dias...

A alma se desespera, mas o coração é humilde.

A mente procura cultivar os momentos de alegria

O corpo cansado de guerras se tomba em apatia.

 

Desperta corpo cansado e vá à luta por paz

Grita para o mundo que o amor é o senhor

Na reciprocidade que o bem sempre leva e traz

Limpe o sangue inocente derramado pelo açoitador.

 

 A sorte que nos espera não é nada auspiciosa

Afinal todos somos feitos da mesma frágil argila

Somos filhos desta mesma terra sempre generosa

Vamos ficar atentos para onde o gemido sibila.

 

Só o amor seca o sangue das horas violentas e tristes

Paz, empatia, reciprocidade jamais tem dedo em riste.



Fotos: Arquivo pessoal

 

Douglas Delmar


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