A história de Copacabana começa de fato com a inauguração do Túnel de Copacabana, a 6 de julho de 1892 (hoje Túnel Alaor Prata, mais conhecido como Túnel Velho), construído pelo engenheiro Coelho Cintra, gerente da Companhia Ferro-Carril Jardim Botânico.
Por muito tempo Copacabana foi habitada apenas por humildes pescadores que viviam em palhoças. Muitos homens e companhias de empreendimentos anteviam as possibilidades do bairro e apostavam nelas lançando loteamentos. Foi o progressivo entrelaçar desses loteamentos que deu o aspecto geometricamente ordenado às suas ruas.
Um homem em particular, o Doutor Figueiredo Magalhães, acreditava muito no futuro de Copacabana.
Morador de uma chácara no bairro, desde o começo da década de 80, do século XIX, passou a apregoar os benefícios terapêuticos dos bons ares e mares da tranquila Copacabana a seus pacientes.
Para motivar ainda mais o público, as companhias interessadas, como a do Jardim Botânico, alardeavam as qualidades do bairro, mas alguns acionistas da empresa achavam temerário fazer circular bondes sobre terreno arenoso. Seus diretores, porém, argumentaram que "as duas praias de Copacabana e Arpoador são dotadas de um clima esplêndido e salubre, beijadas constantemente pelas frescas brisas do oceano, constituindo dois verdadeiros sanatórios e que como parte de uma cidade periodicamente dizimada por epidemias, rapidamente seriam procuradas pela população como nas cidades balneárias da Europa".
Os primeiros anos do século XX foram de grande progresso para o bairro de Copacabana , quando foram instalados os primeiros bondes movidos a eletricidade para o ramal do Túnel de Copacabana até a estação Malvino Reis (atual Praça Serzedelo Correia). É construído um grande restaurante-balneário, no final da praia do Leme e criado o Grupo Carnavalesco o Prazer do Leme.
Em 1906, 4 de março, é inaugurado o Túnel do Leme (atual Engenheiro Coelho Cintra) que ligava Botafogo à Rua Salvador Correia (hoje Avenida Princesa Isabel), com bondes de tração elétrica até a praça do Vigia (atual Praça Júlio de Noronha).
Nesse mesmo ano, o prefeito Pereira Passos inicia as obras de construção da Avenida Atlântica, que até então não passava de fundo de quintal das casas da Avenida Nossa Senhora de Copacabana.
A pedreira de Inhangá é arrasada e as calçadas são revestidas de mosaicos pretos e brancos, com desenhos em ondas, trazidos de Portugal.
Com as facilidades de acesso ao novo bairro torna-se moda ir à Missa do Galo, na Igrejinha de Copacabana.
Uma grande novidade: é inaugurado o primeiro cinema do bairro, na Praça Serzedelo Correia.
Nessa época, os habitantes das cerca de 600 casas do bairro podiam divertir-se na Cervejaria Brahma, no final do ramal do bonde do Leme, e no Cabaré Mère Louise, próximo à Igrejinha, que funcionava dia e noite e lembrava um cabaré de far west.
Em 1910, dezoito anos após sua existência como bairro, Copacabana tinha 20.000 moradores que enviaram um abaixo-assinado à Prefeitura reivindicando a instalação de escolas, sanatório e praça para recreação infantil.
Nessa época beber leite em estábulos era um hábito sofisticado entre os amigos moradores cultuadores da boa saúde.
O Estábulo Mimoso Internacional, onde se podia beber o copo ao pé da vaca ou fazer encomendas, pertencia ao português José Marques e funcionava em 2 endereços: na Avenida Nossa Senhora de Copacabana e na Rua Santa Clara, 52
A aviação estava em franco desenvolvimento e a praia de Copacabana era considerada um excelente campo de pouso, não só pela sua extensão de areia, como pelas ótimas condições de visibilidade para os pilotos dos aviões, que decolando da praia, iam fazer piruetas nos céus do Centro da cidade.
Com a presença do presidente da República, marechal Hermes da Fonseca, em 1914, junto à Igrejinha é inaugurado o Forte de Copacabana. No ano anterior, eram iniciadas as obras de construção do Forte do Leme (hoje Forte Duque de Caxias) no início da praia do Leme, no Morro do Vigia do Leme.
Somente em 1915 foi assinado pelo prefeito Rivadávia da Cunha, o decreto determinando a separação de Copacabana do distrito da Gávea, apesar de sua criação em 1892.
Outro decreto de outubro de 1917 reconhece a denominação de Praia de Copacabana, nos seus mais de 4km de extensão, que tinha 45 ruas, 1 avenida, 4 praças, 2 ladeiras e 2 túneis.
Os banhos de mar entram na moda e a Prefeitura resolve regulamentar o funcionamento dos balneários. Em 1917 o prefeito Amaro Cavalcanti, baixou um decreto regulamentando o uso do banho de mar:
"O banho só será permitido de 2 de Abril à 30 de Novembro das 6h às 9h e das 16h às 18h. De 1 de Dezembro à 31 de Março das 5h às 8h e das 17h às 19h. Nos Domingos e feriados haverá uma tolerância de mais uma hora em cada período.""Vestuário apropriado guardando a necessária decência e compostura.""Não permitir o trânsito de banhistas nas ruas que dão aceso às praias, sem uso de roupão ou paletots sufficientemente longos, os quaes deverão ser fechados ou abotoados e que só poderão ser retirados nas praias.""Não permitir vozerios ou gritos, que não importem em pedidos de socorro e que possam alarmar os banhistas.""Prohibir a permanencia de casaes que se portem de modo offensivo à moral e decoro públicos nas praias, logradouros e nos vehiculos". Eram tempos bem diferentes dos dias atuais...
Na próxima matéria, a inauguração da Avenida Atlântica. Não percam!
Fontes:
@aclubtour
Arquivo Nacional
Brasiliana Fotográfica
Instituto Moreira Salles
IPHAN
André Conrado
Gratidão
Que máximo!!!!
Que materia maravilhosa!! Um icone de lugar na nossa história!! 👏👏👏👏