Avenida Atlântica
Durante a gestão de Francisco Pereira Passos , como prefeito do Rio de Janeiro entre 30 de dezembro de 1902 a 16 de novembro de 1906, foi realizada uma significativa reforma urbana na cidade. Para saneá-la e modernizá-la, ele realizou diversas demolições, conhecidas popularmente como a política do “bota-abaixo”, que contribuiu fortemente para o surgimento do Rio de Janeiro da Belle Époque.
Foi em consonância com essa política que Avenida Atlântica foi concebida, pelo Decreto Municipal nº 561, de 04 de novembro de 1905.
Poucos meses antes, Pereira Passos expôs seus planos ao presidente Rodrigues Alves durante uma visita à Exposição Geral de Belas-Artes de 1905, diante de um quadro de um trecho da praia Copacabana ao nascer do sol, de autoria de João Baptista da Costa, foi inaugurado o Restaurante Avenida Atlântica, do sr. Gomes da Silva, e a companhia Jardim Botânico inaugurou sua nova linha elétrica pelo Túnel do Leme, indo o ramal até o ponto terminal da praça do Vigia, onde foi construída a estação de bondes.
A construção da Avenida Atlântica começou em 31 de janeiro de 1906 – as obras tiveram início no lugar denominado Murungu para a rua do Barroso – e, os trabalhos de aterro, em 5 de abril de 1906.
Sua construção foi incluída na Carta Cadastral (documento que reúne dados de localização, área, configuração geométrica e identificação de prédios cadastrados), como um dos grandes melhoramentos urbanos realizados na cidade. A construção da Avenida Atlântica foi capitaneada pelo engenheiro Augusto Américo de Souza Rangel, que trabalhava na comissão da Carta Cadastral tendo, inclusive, sido seu chefe durante um período.
Seu calçadão foi feito com pedras pretas de basalto e pedras brancas de calcita, trazidas de Portugal, o que lhes rendeu o apelido de pedras portuguesas. O padrão de ondas é do século XIX e foi criado para a Praça do Rossio, em Lisboa – uma homenagem ao encontro das águas do rio Tejo com o Oceano Atlântico.
As obras foram suspensas em 15 de dezembro de 1906, um mês após o início do mandato do novo prefeito da cidade, Francisco Marcelino de Souza Aguiar. A avenida tinha 485 metros de meios fios em ambos os lados e estava pronto o aterro em toda a extensão entre a praça Malvino Reis, atual praça Serzedelo Correia, e a rua padre Antônio Vieira.
Em 1907, terrenos na avenida foram anunciados para venda. O prefeito Souza Aguiar era acusado pelo abandono lamentável da avenida Atlântica e perguntado sobre o porquê de não mandar continuar as obras da avenida Atlântica
Durante a década de 1910, 0 aumento da quantidade de automóveis e a crescente popularização da prática do banho de mar tornou a avenida pequena. Além disso, as chuvas de março de 1911 causaram vários danos na Avenida Atlântica e providências eram cobradas ao prefeito Bento Ribeiro.
Na gestão de Amaro Cavalcanti foram realizadas na Avenida Atlântica obras para proteção contra a fúria atlântica da esplêndida avenida beira-mar e também seu alargamento. Ainda em 1918, uma ressaca deixou a avenida esburacada e o então prefeito do Rio de Janeiro, o engenheiro Paulo de Frontin, a percorreu para inspecionar seu estado e a incluiu em seu projeto de melhoramentos da cidade.
“Construiu a nova e soberba avenida Atlântica com 17 metros de largura total em substituição à antiga rua marginal” – em jornal O Copacabana.
A nova Avenida Atlântica foi inaugurada em 22 de julho de 1919 com pista dupla e iluminação no canteiro central.
O anúncio da reparação do calçamento da avenida foi feito, em 1920, durante a gestão de Carlos Sampaio. O rei Alberto da Bélgica, e sua mulher, a rainha Elizabeth, visitaram o Brasil entre setembro e outubro de 1920, e na ocasião foram várias vezes tomar banho de mar no posto 5 da Avenida Atlântica. O Rei era um exímio nadador e em sua homenagem foi batizado o viaduto Rei Alberto na novata Avenida Niemeyer.
Em 1921, uma nova ressaca atingiu a avenida cuja resistência da muralha, “honra à engenharia do sr. Frontin, resistia valentemente a todos os embates”. Mas a violência da ressaca acabou destruindo a muralha.
O prefeito Sampaio decidiu então realizar obras de consolidação dos cais e das muralhas da Guanabara em defesa da avenida Beira-Mar e da avenida Atlântica. Foram contratados para o projeto, cuja quantia prevista causou polêmica, os engenheiros Adhemar de Melo Franco, Edgar Raja Gabaglia e Azevedo Amaral.
Em 1922, ano do centenário da independência no Brasil, os postos de salvamento, que eram de madeira, estavam em péssimas condições. Então o prefeito Carlos Sampaio os renovou e transferiu o posto de socorros para um novo prédio no Lido. O serviço de salvamento, agora subordinado à Assistência Municipal, passou a oferecer serviço médico à população do bairro e também o arrendamento de cabines para banhistas que quisessem trocar de roupa.
Na próxima matéria seguiremos nossa viagem no tempo do desenvolvimento da bela princesinha do mar.
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Fontes:
@aclubtour
Arquivo Nacional
Brasiliana fotográfica
Instituto Moreira Salles
IPHAN
André Conrado
BRAVO!