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Revista do Villa

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Bairros Históricos do Rio de Janeiro - Flamengo

A história do bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro, remonta à descoberta da Baía de Guanabara e à fundação da cidade. O bairro se desenvolveu ao longo do tempo, com a construção de ruas, edifícios e palacetes.

Imagem da Praia do Flamengo - seculo XVIII - Arquivo Nacional
Imagem da Praia do Flamengo - seculo XVIII - Arquivo Nacional

Segundo a versão mais difundida, o nome Flamengo é uma referência ao navegador neerlandês Olivier van Noort, que tentou invadir a cidade no século XVI desembarcando na Praia do Flamengo. Os naturais dos Países Baixos eram historicamente designados por flamengos, por serem provenientes da Flandres.

 

Em fins de 1503, o navegador Gonçalo Coelho abastecia de água da sua expedição na foz do rio Carioca, que desaguava na atual Praia do Flamengo. Embora os portugueses chamassem o lugar de Aguada dos Marinheiros, os Tamoios influenciaram na mudança do nome para rio Carioca em função de uma feitoria construída no local. Carioca, na língua dos Tamoios, quer dizer casa de branco (cari - branco; oca – casa).

 

Martins Afonso de Souza vem ao Rio de Janeiro, em 1530, e desembarca na foz do rio Carioca, região conhecida pelos índios como Uruçu-Mirim (abelha pequena na língua dos Tamoios), que ficava nas imediações onde hoje está a Rua Barão do Flamengo.

 

Em 1531, Pero Lopes de Souza, que fazia parte da expedição de Martim Afonso de Souza, constrói a primeira casa de pedra da cidade, na foz do rio Carioca, que foi a primeira edificação do gênero existente nas três Américas. Esta casa serviu de moradia ao primeiro juiz da cidade, Pedro Martins Namorado, nomeado em 1565 por Estácio de Sá. A casa foi destruída por uma ressaca, sendo reconstruída no século XVII para servir de moradia para o sapateiro português Sebastião Gonçalves que ali residiu de 1606 a 1620. Por isso, na época, a Praia do Flamengo foi denominada de Praia do Sapateiro. A casa de pedra existiu por um período de duzentos anos, desaparecendo por volta dos anos setecentos.

 

O primeiro sinal de urbanização do Flamengo foi uma estrada construída no século XVII para levar a produção de açúcar do Engenho D’El Rei, que ficava na atual Lagoa, ao Porto do Rio.

Imagem da Praia do Flamengo - 1929 - IMS
Imagem da Praia do Flamengo - 1929 - IMS

Foi na administração do Prefeito Pereira Passos, com a abertura da Avenida Beira-Mar, que a região se modernizou e o Flamengo ganhou um punhado de prédios e palacetes elegantes. A avenida, que ia da Avenida Rio Branco a Botafogo, era considerada, na inauguração, um dos lugares mais bonitos do mundo.

Imagem da Praia do Flamengo - 1915 - MultiRio
Imagem da Praia do Flamengo - 1915 - MultiRio

No início do século XX, o Castelinho do Flamengo construído entre 1916 e 1918, concebido pelo arquiteto italiano Gino Copede para se tornar a residência do comendador Joaquim da Silva Cardoso e de sua esposa Carolina.

 

Joaquim era um rico construtor português, à época foi responsável por várias construções de palacetes para a sociedade carioca.

Imagem do Castelinho do Flamengo - entao residencia do Comendador Joaquim Silva Cardoso
Imagem do Castelinho do Flamengo - entao residencia do Comendador Joaquim Silva Cardoso

Atualmente é um centro de cultura, com uma videoteca que dispõe de mais de 1 500 títulos em acervo. No segundo andar, está o auditório Lumiére, com capacidade para quarenta lugares e mais duas salas para cursos e workshops e uma sala para exposições; na torre (quarto andar), há o espaço Curinga, uma sala de leitura de textos dramatizados.

 

Já o belo Hotel Central não teve tanta sorte. O Hotel figurava na Praia do Flamengo entre os anos de 1915 e 1951. Ficava localizado bem na esquina com a Rua Barão do Flamengo. Ele tinha seis andares, elevadores e 124 cômodos dotados de banheiros com água quente e telefone, um verdadeiro luxo para época. Os terraços mobiliados tinham vista para a Baía de Guanabara.

Imagem do antigo Hotel Central - Praia do Flamengo - Anos 20 - IMS
Imagem do antigo Hotel Central - Praia do Flamengo - Anos 20 - IMS

Por estar localizado em frente à Praia do Flamengo, onde havia uma curta faixa de areia, o hotel oferecia vestiários na orla e pacotes que incluíam as refeições, sem a necessidade de hospedagem, em uma época na que os banhos de mar começavam a ficar na moda.

Imagem do antigo Hotel Central - 1917 - Praia do Flamengo - Brasiliana Fotografica
Imagem do antigo Hotel Central - 1917 - Praia do Flamengo - Brasiliana Fotografica
Imagem dos ambientes do antigo Hotel Central - Anos 20 - Praia do Flamengo
Imagem dos ambientes do antigo Hotel Central - Anos 20 - Praia do Flamengo

Com a crescente poluição da Baía de Guanabara e a mudança do público para as vizinhas Copacabana e posteriormente Ipanema, o Hotel Central foi se esvaziando até encerrar suas atividades em 1950, sendo demolido no ano seguinte. A especulação imobiliária colaborou também para a sua demolição.

 

Também na praia do Flamengo, uma casa construída em 1920 destaca-se até os dias de hoje elegantemente.

 

Se trata de uma reminiscência do Rio de Janeiro com inspiração Europeia, de uma época quando a paisagem da cidade era dominada por residências individuais e sobrados.

Imagem do então Palacete Seabra - Anos 30 - Casa Julieta de Serpa
Imagem do então Palacete Seabra - Anos 30 - Casa Julieta de Serpa
Imagem do interior do entao Palacete Seabra (atual Casa Julieta de Serpa)
Imagem do interior do entao Palacete Seabra (atual Casa Julieta de Serpa)

O palacete, onde hoje é a Casa de Arte e Cultura Julieta de Serpa, foi construído em 1920, fruto de uma linda história de amor. Apaixonado pela mulher, Demócrito Lartigau Seabra, filho de uma importante família de comerciantes, quis dar de presente à sua esposa, Maria José, a mais bela casa do Rio de Janeiro. O casal teve uma vida longa e feliz neste pequeno e imponente palácio.

 

Em 2001, com a morte do filho mais velho da família, o palacete foi vendido para uma empresa que queria construir um prédio no local. No entanto, o Departamento Geral do Patrimônio Cultural da Secretaria Municipal de Cultura havia tombado a casa em 1997, logo, a demolição não foi permitida.

 

Um ano depois, o educador e antiquário Carlos Alberto Serpa de Oliveira se interessou e comprou o palacete para nele instalar uma casa de cultura em homenagem à sua mãe, dona Julieta, uma senhora que amava e se dedicava à cultura e às artes, e que sempre desejou criar um centro cultural. Assim, surgiu a Casa de Arte e Cultura Julieta de Serpa

 

O bairro foi alvo de grandes empreendimentos imobiliários, em função de sua localização privilegiada junto ao Aterro do Flamengo, que dá um toque único ao bairro, pela sua beleza natural.

Imagem da Casa de Arte e Cultura Julieta de Serpa - Diivulgação
Imagem da Casa de Arte e Cultura Julieta de Serpa - Diivulgação

Na próxima matéria falaremos da construção do Aterro do Flamengo. Não percam!

 

 

Fontes:

Arquivo Nacional

Acervo Instituto Moreira Salles

Brasiliana Fotográfica

Casa de arte e Cultura Julieta de Serpa


 

André Conrado


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